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23/Mai/2023

Agronegócio busca recursos no mercado de capitais

Por todos os lados que se analisa o desempenho do agronegócio brasileiro, os números são, invariavelmente, superlativos. Aumento de 400% da produtividade da agricultura entre 1975 e 2020, segundo estudo de 2022 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), faturamento na casa dos US$ 60 bilhões com as vendas ao exterior respondendo por aproximadamente 47% das exportações totais do País no ano passado e ampliação crescente das cadeias produtivas do agronegócio. Todo esse avanço tem requerido volumes de financiamentos além do crédito tradicional oferecido pelos bancos públicos que, por sua vez, não têm conseguido suprir as necessidades de um setor que cada dia mais se expande e demanda mais crédito para tal. Exemplo disso é o Plano Safra 2022/2023 que, apesar de ter atingido R$ 340 bilhões, volume 36% superior ao plano anterior, foi insuficiente para atender às demandas do agronegócio.

Saiu no fim de junho de 2022 e, em outubro, já não havia mais R$ 1,00 para o setor, abrindo um buraco de falta de recursos para o setor que se estende de outubro do ano passado a 1º de julho deste ano, quando começa a Safra 2023/2024. É nesse cenário que entra em cena o mercado de capitais oferecendo aos produtores e empresários rurais oportunidades para captar recursos para financiar seus investimentos. É o que afirma a Araújo Fontes, uma das principais butiques de investimento independentes do Brasil e especializada em projetos para captação de recursos no mercado de capitais. A intensificação da atividade, cada vez mais eficiente da agropecuária, demanda mais recursos. Demanda mais adubo, demanda máquinas cada vez maiores e mais eficientes e uma estrutura financeira maior. Porém, as instituições públicas financiadoras não conseguem acompanhar essa velocidade do agronegócio. O mercado de capitais está entrando para ajudar no financiamento do agro. É uma alternativa interessante para os dois lados.

De um lado, os produtores e empresários rurais têm grande oportunidade para captar recursos para financiar seus investimentos e, de outro, os investidores têm a chance de aplicar em um setor que oferece boas perspectivas de retorno financeiro e segurança quanto ao risco de crédito. Normalmente são fundos de investimentos nacionais e estrangeiros que investem na agropecuária por meio das várias modalidades disponíveis no mercado como, por exemplo, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). A emissão destes títulos vem crescendo nos últimos anos, mas há também outros ativos como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Cédulas de Produto Rural (CPR) só para citar mais dois. E, conforme números da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), há espaço e expectativa para aumento da representatividade neste seguimento porque hoje o agronegócio, setor que representa aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ocupa apenas entre 4% e 5% do mercado de capitais. Dentre os investidores, a tendência também é de crescimento. O volume de ofertas iniciadas de Fiagro atingiu R$ 8,1 bilhões no ano de 2022, um aumento de 76% em relação a 2021.

Na carteira da Araújo Fontes, o CRA desponta como o principal ativo investido e vem somando aumento no volume de ofertas iniciadas, passando de uma média histórica de R$ 12 bilhões para aproximadamente R$ 30 bilhões em 2021 e mais de R$ 38 bilhões em dezembro de 2022, mostrando crescimento relevante em um cenário de juros altos. Os juros nas operações de financiamento da agropecuária pelo mercado de capitais são variados porque seguem o mercado financeiro. Hoje, o dinheiro está mais caro porque a Selic é de 13,75% ao ano. Os balizadores econômicos hoje estão caros. O que acontece é que os bancos públicos, que têm uma meta de financiamento determinada pelo Banco Central (BC), acabam por oferecer algum subsídio ao produtor. A questão é que muitas das vezes o produtor já está com o limite dele tomado naquela instituição. Não tem mais como oferecer garantias. Aí, no mercado de capitais, o produtor que já está com seu limite todo tomado nos bancos estatais encontra outras formas de apresentar garantias.

O mercado de capitais é mais flexível nesta questão das garantias e menos burocrático. Sem contar que nos bancos o produtor, para conseguir um empréstimo a juros mais baixos, é obrigado a comprar produtos financeiros daquela instituição nas chamadas operações casadas que, por fim, comem o subsídio conseguido na operação principal. Outro benefício oferecido pelo mercado de capitais, que contribui para justificar o interesse crescente por parte dos produtores agropecuários, é o prazo para pagamento, que chega a três anos, ou quase três safras, enquanto nos bancos tradicionais esse prazo é de apenas uma safra. A Araújo Fontes está bastante confiante na aceleração do crescimento da participação do mercado de capitais no financiamento do agro na medida em que o Banco Central retomar o ciclo de cortes da Selic. No mercado financeiro, os analistas acreditam que a partir de agosto seja possível o Copom começar a derrubar a Selic. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.