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23/Mai/2023

Brasil: confrontos ambientais preocupam governo

O Ibama rejeitou o pedido da Petrobras para explorar petróleo na foz do Rio Amazonas e a decisão abriu uma crise interna dentro do governo. O órgão, subordinado ao Ministério do Meio Ambiente, baseou seu parecer em argumentos técnicos para vetar o projeto, seguindo a posição da ministra Marina Silva. A decisão, porém, contrariou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e, sobretudo, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues. Por conta da decisão, ele rompeu com Marina Silva e anunciou sua desfiliação da Rede, mesma legenda da ministra. Agora, o Planalto decidiu monitorar decisões complexas como a do Ibama para se prevenir contra futuros embates internos.

Na prática, Marina Silva começa a repetir na sua segunda passagem pelo Ministério do Meio Ambiente a mesma trajetória de confrontos que marcou sua atuação à frente da Pasta nos primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2008. A maior diferença, entretanto, é que Marina sabe que, ao contrário daquele período, a questão ambiental ganhou hoje enorme importância internacional. E sempre tem destaque em reuniões importantes. Entre 2003 e 2008, a ministra entrou em choque, por exemplo, com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, por ser contra a adoção de transgênicos; protestou contra a autorização dada pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, pela liberação da importação de pneus usados; barrou pedidos de licenças ambientais para obras importantes, como o Rodoanel. Também discordou constantemente da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, por esse mesmo tipo de impasse.

Em 2008, com sua relação política com Lula bastante desgastada pelo que considerava falta de apoio nessas questões, Marina acabou pedindo demissão depois de um novo choque interno, dessa vez com o então ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Roberto Mangabeira Unger. Marina não aceitou que Unger administrasse o recém-lançado Plano Amazônia Sustentável. Ela se sentiu desprestigiada por Lula e Dilma, já na Casa Civil. Dois anos antes, numa entrevista, tinha avisado que teria limites para continuar no governo. Na sua segunda passagem pelo governo Lula, Marina deve tentar utilizar mais o escudo político da importância da questão ambiental para tentar valer sua visão mais protecionista e menos desenvolvimentista.

Aliado do presidente Lula no Congresso, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) criticou a decisão do Ibama de barrar a pesquisa de petróleo na foz do Rio Amazonas. A polêmica em torno da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas poderá provocar dificuldades políticas para o governo no Senado. Alcolumbre é um parceiro influente do governo na Casa, sendo o responsável pela indicação do ministro Waldez Góes para o Desenvolvimento Regional. Além disso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também é favorável à exploração barrada. Ele é ligado politicamente ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem dado sinais de desconforto na relação com o Planalto. Também senador, Randolfe reclamou que o Ibama não ouviu o governo local. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.