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17/Mai/2023

Brasil deve se adaptar ao envelhecimento populacional

O Brasil precisa adaptar suas políticas públicas às novas expectativas para o crescimento populacional. E é necessário que essa reformulação seja feita de maneira urgente, porque os fundamentos das prioridades dos gastos governamentais ficarão rapidamente desatualizados, segundo as projeções mais recentes sobre o crescimento do número de brasileiros. O envelhecimento populacional está chegando mais cedo. Um impacto importante da pandemia de Covid-19, ainda pouco analisado, é a antecipação do momento em que a população do Brasil vai parar de crescer e passará a decair. O aumento da mortalidade por Covid, que ocorreu em todas as faixas de idade, mudou as projeções populacionais. Estudo divulgado na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que ela deverá crescer até 2030, quando atingirá um total de cerca de 215 milhões de pessoas. A partir daí, passará a diminuir, tanto que se espera que em 2040 sejamos apenas 209 milhões.

As projeções sugerem que a população continuará em decréscimo por, pelo menos, 30 anos após 2040. A conclusão natural desse processo será o envelhecimento populacional, que já vem ocorrendo desde os anos 1980 no País, e em outras regiões do mundo. Segundo o Ipea, apenas a faixa da população com mais de 45 anos tenderá a aumentar a partir de 2020. Espera-se redução para os demais grupos etários, o que é chamado de superenvelhecimento da população. Esse panorama exige, portanto, mudanças importantes em como os governos de forma geral (União, Estados e municípios) vão direcionar seus esforços e recursos. A mudança no perfil da população já está impactando de forma sensível o mercado de trabalho e esses efeitos devem se aprofundar. Deverá ser menor o contingente de jovens a entrar no mercado a cada ano, mas eles precisam estar mais bem preparados para as novas exigências laborais.

Houve um aumento na escolaridade média da população nas últimas décadas, mas o Brasil continua em pior situação do que países emergentes, mesmo alguns com graves problemas econômicos, como a Argentina. É certo que em muitos subsetores da economia hoje a demanda por trabalhadores é menor do que no passado, com a maior utilização de, por exemplo, robôs na indústria e de mecanismos de inteligência artificial nos setores de serviços e comércio. Isso significa menor procura de trabalhadores, porém de trabalhadores com melhor formação. A menor entrada de pessoas procurando emprego a cada ano indica, por sua vez, que as empresas precisam adequar suas rotinas para manter o trabalhador por mais tempo nos seus cargos. O estudo do Ipea indica, nesse caso, sugestões como cargos e horários flexíveis, redução de preconceitos com relação ao trabalho do idoso, melhoria no transporte público, entre outras iniciativas. Assim, é preciso repensar as prioridades na área da educação.

Gradualmente, vai ser necessário menor número de vagas na pré-escola e na educação básica com a queda na taxa de natalidade. Vale relembrar que a taxa de fecundidade, que já foi de 4 filhos por mulher num período relativamente recente, na década de 1980, caiu abruptamente para 2,2 filhos no início deste século e agora está em 1,6 filhos. Claro que a prioridade deve continuar a ser a oferta de vagas para todas as crianças, mas essa necessidade está se reduzindo ano a ano. Também é preciso reorientar as diretrizes para saúde e educação. Um país com gente mais velha deve estar preparado para oferecer mais leitos hospitalares, mais tratamento geriátrico e mais condições que facilitem a rotina dos idosos nas grandes cidades. Como se vê, é uma tarefa hercúlea que o Brasil tem pela frente. O envelhecimento populacional não deveria assustar, mas deve ser visto como um caminho para o País entrar, de fato, no século 21. Isso, entretanto, só ocorrerá se governo e sociedade compreenderem que o País está entrando numa nova fase. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.