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17/Mai/2023

Estrangeiros carregam posição expressiva em dólar

O cenário favorável ao Real nos últimos dias tem potencial para se estender nas próximas semanas quando se considera que os investidores estrangeiros ainda podem reverter parte das expressivas posições "compradas" em dólares que mantêm no mercado futuro de câmbio. O dólar emendou, na segunda-feira (15/05), o quinto pregão consecutivo de queda e fechou abaixo de R$ 4,90 pela primeira vez desde 7 de junho de 2022. Dados compilados pela gestora de recursos Armor Capital mostram que os chamados não residentes estavam na sexta-feira (12/05 - último dado disponível) liquidamente "comprados" em US$ 39,7 bilhões. Esses números consideram dólar futuro, minicontratos, cupom cambial e swaps. Embora tenha havido uma redução de mais de US$ 8 bilhões desde o pico observado neste ano, de cerca de US$ 48 bilhões em fins de março, o posicionamento dos estrangeiros na moeda americana ainda é o maior desde 2018. Não é possível saber com exatidão a motivação de cada um dos investidores que mantêm posições compradas em dólar.

Há quem possa sustentar apostas especulativas em alta da moeda norte-americana quanto apenas buscar proteção (hedge) contra uma depreciação do Real, o que ocorre quando há um aumento da percepção de risco que implique possibilidade de depreciação da taxa de câmbio. Os 'players' quantitativos estrangeiros já vieram vendendo dólar futuro nesse último movimento. Eles operam muito o momento e são muito ágeis em mudar de posição. É muito difícil afirmar se, dado o conjunto de fatores favoráveis ao Real, os estrangeiros vão prosseguir desmontando posições compradas. Isso depende da estratégia de cada investidor. Nesse estoque, tem um uma posição relevante que é hedge de outras posições que eles têm no Brasil, compradas em Bolsa e em títulos públicos, por exemplo. A Azimut observa que o Real tem sido beneficiado pela combinação de taxa de juros elevada e sazonalidade favorável para a balança comercial, em meio a uma safra agrícola muito expressiva.

O Brasil continua medíocre, mas tem dois dos melhores produtos do mundo: taxa de juros muito alta, que atrai capital financeiro, e commodities. Dado o nível de taxa real doméstica e o diferencial de juros interno e externo, é muito custoso carregar posições compradas em dólar. A apreciação do Real se dá em meio a um movimento de fortalecimento de outras divisas latino-americanas de países chamadas de "moedas de carrego" em razão dos juros altos. No Brasil, a taxa básica está em 13,75% e não deve cair neste primeiro semestre. As taxas estão acima de dois dígitos na Colômbia (13,25%), México (11,25%) e Chile (11,25%). O dólar cai cerca de 7% frente ao Real desde o início do ano, ao peso chileno e ao peso colombiano. Em relação ao peso mexicano, as perdas são de quase 11%. A Amor Capital observa que o Real está no caminho para se alinhar ao seu principal par, o peso mexicano, que se encontra no menor nível em relação ao dólar desde 2016. Do ponto de vista técnico, caso se mantenha abaixo da linha de R$ 4,89, o dólar terá rompido um nível gráfico relevante.

O Real tem se beneficiado da melhor relação de 'carrego' versus volatilidade, dado que o Banco Central mantém a Selic em 13,75% com discurso hawkish (duro) e volatilidade da moeda tem caído. Ainda tem certo espaço para o Real avançar mais. A moeda brasileira também é favorecida pela diminuição do ruído político local com a resolução do arcabouço fiscal. Na visão da Azimut, o texto do novo arcabouço, mais calcado no aumento de receitas, está longe do ideal, mas evita um problema fiscal no curto prazo e impede uma trajetória explosiva da relação dívida pública/PIB. Mais: o arcabouço vem depois de temores de uma deterioração mais severa das contas públicas, na esteira da aprovação da PEC da Transição no fim de dezembro (que abriu possibilidade de despesas de R$ 200 bilhões fora do teto de gastos) e de incertezas provocadas por discursos mais radicais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com tudo mais constante, o Real tem espaço para se apreciar mais. A sazonalidade do fluxo é positiva e vai continuar tendo 'carrego', com taxa de juros elevada até metade ou o final do terceiro trimestre. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.