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16/Mai/2023

Política industrial com sustentabilidade ambiental

Simultaneamente às críticas ao elevado nível dos juros no País, empresários estão reclamando do governo a adoção de uma política industrial. Eles acreditam que medidas de estímulo possam fazer com que o setor fabril se recomponha das suas muitas fragilidades e da dificuldade para competir nos mercados doméstico e do exterior e volte a crescer. Não há dúvidas sobre a perda de importância comparativa da indústria no País e globalmente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o setor, no Brasil, continua 1,3% abaixo do seu patamar pré-pandemia, apesar da expansão de 1,1% em março. No debate, está fazendo falta, no entanto, uma definição mais clara de qual modelo de indústria se quer no País. No mundo, o setor industrial passa por uma profunda revolução tecnológica, com prioridades contemporâneas, como a questão climática e a valorização da inovação e da diversidade. Não faz sentido mais a concepção de um segmento com fábricas poluentes, com baixos índices de produtividade e produtos que não atendem mais aos desejos dos consumidores.

É hora, pois, de repensar minuciosamente como deve funcionar o setor industrial no País. Apostar simplesmente na concessão de incentivos que mirem um modelo anacrônico seria desperdiçar talento e inventividade, além de tempo e recursos, escassos no Orçamento da União e caros na tomada de empréstimos bancários. Alguns, como o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, falam agora não mais em reindustrialização, mas sim em neoindustrialização, um conceito que englobaria também diversificação da matriz energética e a busca por sustentabilidade ambiental. Se isso é sério, como deveria ser, não faz sentido, por exemplo, a informação de que o governo federal pretende retomar a ideia de estimular novamente a produção do chamado “carro popular”, naturalmente mais poluente e menos tecnológico. Além de atentar contra o meio ambiente, a retomada do incentivo para carros baratos é um paliativo arcaico que não pode ser chamado de política industrial.

Um aspecto da política industrial a ser contemplado no debate é a possibilidade de as novas medidas resultarem em aumento na oferta de emprego. Em geral, as fábricas pagam melhores salários que outros setores da economia para os trabalhadores com carteira assinada. O MDIC informou que vai buscar sustentabilidade, inclusão e descarbonização, além da geração de emprego. A questão é polêmica. Segundo a Universidade Harvard, a reindustrialização no sentido de aumentar a participação do emprego na indústria de maneira significativa e sustentável parece muito difícil, se não impossível. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defende a ideia de um mecanismo de apoio ao setor equivalente ao Plano Safra. O Ministério da Fazenda teria se comprometido a alocar recursos para a indústria no próximo Orçamento da União. Para a Fiesp, é inconcebível que o setor não possa ter algo semelhante ao que tem o setor agrícola.

O exemplo do agronegócio é bem-vindo ao debate. Ao longo das últimas décadas, foi extraordinário o processo de mudança por que passaram os métodos de produção agrícola e pecuária no Brasil, explicando o sucesso das exportações do País desses itens. Como se sabe, as vendas ao exterior do agronegócio crescem de forma consistente, ganhando espaço na pauta da balança comercial. No ano passado, as exportações desse setor econômico representaram quase 50% do total vendido pelo Brasil, foram exatos 47,6%. Investir em tecnologia, em atender aos desejos dos compradores e inovar os produtos estão sendo diretrizes seguidas por muitos empresários do agronegócio. Incorporar esses parâmetros ao projeto de indústria que se deseja é essencial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.