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12/Mai/2023

Brasil: aumento na renda dos mais pobres em 2022

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2022 - Rendimento de todas as fontes, divulgada nesta quinta-feira (11/05), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após um empobrecimento recorde dos brasileiros no segundo ano da pandemia de Covid-19, a metade mais pobre da população teve um aumento de renda em 2022, tanto pela recuperação na geração de vagas do mercado de trabalho quanto pela expansão de programas de transferência de renda em meio à corrida eleitoral. A renda média real domiciliar per capita da metade mais pobre da população brasileira subiu 18,0% em 2022 ante 2021, para R$ 537,00 mensais. Ou seja, apesar da melhora, cerca de 107,077 milhões de brasileiros sobreviveram com apenas R$ 17,90 por dia no ano passado. Se considerados os 5% mais pobres no País, havia 10,7 milhões de pessoas que contavam com somente R$ 2,90 por dia em 2022, ou R$ 87,00 por mês por pessoa da família. Apesar de baixo, o resultado significou um salto de 102,3% em relação a 2021.

As políticas de transferência de renda para mitigar a crise causada pela Covid-19 deram um alívio à população mais vulnerável em 2020. No entanto, em 2021, com o enxugamento do Auxílio Emergencial, a renda per capita desceu ao pior resultado da série histórica iniciada em 2012. Em meio à corrida eleitoral à Presidência em 2022, a mudança do programa Bolsa Família para Auxílio Brasil, com valor maior e ampliação no número de beneficiários, ajudou a turbinar a renda da população mais pobre. O ano passado foi um ano eleitoral. O mercado de trabalho para se recuperar é algo mais orgânica, tem a ver com o movimento da economia como um todo. Para aumentar o valor de um programa social, basta um projeto de lei, ou com uma medida provisória. Mas, o mercado de trabalho contribui com mais de 70% da renda do domicílio. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita cresceu de R$ 1.555,00 em 2012 para R$ 1.668,00 em 2019, quando atingiu o maior valor histórico. Com a pandemia de Covid-19, o rendimento domiciliar per capita caiu 4,3% em 2020, seguido por um tombo de 7,0% em 2021, quando foi estimado em R$ 1.484,00 o piso da série histórica.

Em 2022, a renda média domiciliar per capita voltou a crescer, 6,9%, para R$ 1.586,00. A Região Nordeste se manteve com o menor rendimento médio mensal domiciliar per capita no País, R$ 1.011,00 enquanto a Região Sul permaneceu o maior, R$ 1.927,00. Os 50% mais pobres da Região Nordeste sobreviviam com R$ 348,00 mensais, ou R$ 11,60 diários por pessoa da família no ano passado. Na Região Norte, a renda média da metade mais vulnerável foi de R$ 384,00 mensais em 2022, R$ 12,80 diários. Apesar dos valores modestos, o resultado representou um aumento de 26,7% na renda per capita da metade mais pobre na Região Norte, e 26,1% na Região Nordeste. O salto na renda dos mais pobres reduziu a desigualdade no País. O índice de Gini do rendimento médio domiciliar per capita (indicador que mede a desigualdade de renda, numa escala de 0 a 1, em que, quanto mais perto de 1 o resultado, maior é a concentração de riqueza) recuou de 0,544 em 2021 para 0,518 em 2022, menor resultado da série histórica iniciada em 2012.

Na passagem de 2021 para 2022, o índice de Gini caiu em todas as regiões brasileiras, o que mostra um alívio na desigualdade disseminado pelo País, embora permaneça elevada. Houve uma redução importante, mas ainda é um valor bem alto comparado a outros países. Entre o 1% mais rico da população, a renda média mensal per capita foi de R$ 17.447,00 em 2022, queda de 0,3% ante 2021. Ainda assim, esse pequeno grupo ganhava uma renda média real mensal 32,5 vezes maior que o rendimento da metade mais pobre da população. Houve evolução em relação a 2021, quando essa distância era de 38,4 vezes. As famílias brasileiras ainda não tinham recuperado em 2022 o patamar de renda anterior à pandemia de Covid-19. A despeito do reforço de programas de transferência de renda em ano eleitoral e do aumento no número de pessoas trabalhando, a massa de renda domiciliar per capita permanecia quase R$ 10 bilhões aquém do patamar obtido em 2019.

A massa de rendimento mensal real domiciliar per capita (soma de toda a remuneração das famílias, do trabalho, de fontes formais e informais, incluindo apoios pagos pelo governo, como bolsas e aposentadoria) totalizou R$ 339,581 bilhões em 2022, R$ 9,698 bilhões a menos que os R$ 349,279 bilhões registrados em 2019. No entanto, houve um avanço de 7,7% em relação aos R$ 315,407 bilhões registrados em 2021, uma injeção de recursos de R$ 24,174 bilhões em apenas um ano. Todas as Grandes Regiões apresentaram aumento na massa de rendimento domiciliar per capita em 2022 em relação a 2021, com destaque para o Norte, onde a massa subiu 18,0%. A Região Sudeste deteve mais da metade da massa de rendimento do País, R$ 170,5 bilhões (50,2% do total). A do Sul foi de R$ 58,9 bilhões; Nordeste, R$ 58,4 bilhões; Norte, R$ 20,6 bilhões; e Centro-Oeste, R$ 31,1 bilhões. Os 10% da população brasileira com menores rendimentos detinham somente 1,0% da massa de renda em circulação entre as famílias, enquanto os 10% mais ricos concentravam 40,7% dessa riqueza. O grupo de 10% mais ricos concentrava uma massa de renda quase equivalente a todo o rendimento auferido pelos 80% mais pobres (que detinham juntos somente 43,4% de toda a massa de renda das famílias brasileiras).

O rendimento obtido de todos os trabalhos respondia por 74,5% do rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2022. Os demais 25,5% eram provenientes de outras fontes, que se dividiam em rendimentos de aposentadoria e pensão (18,1%), aluguel e arrendamento (1,9%), pensão alimentícia, doação e mesada de não morador (0,9%) e outros rendimentos, categoria que inclui os programas de transferência de renda (4,6%). A proporção de habitantes com rendimento subiu de 59,8% em 2021 para 62,6% em 2022, maior proporção da série histórica iniciada em 2012. O rendimento médio real de todas as fontes, de quem recebia algum tipo de renda, cresceu 2,0% ante 2021, para R$ 2.533,00: o rendimento de todos os trabalhos caiu 2,1%, para R$ 2.659,00, mas o rendimento de outras fontes cresceu 12,1%, para R$ 1.657,00. Dentro da renda de outras fontes, a categoria que inclui os programas de transferência de renda alcançou valor recorde de R$ 814,00 em 2022, após um piso histórico de R$ 562,00 em 2021, o que significa um salto de 44,8% no valor médio obtido em ano eleitoral. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.