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09/Mai/2023

Gestora State Street entra no mercado de carbono

O crescente mercado de créditos de carbono poderá se popularizar a partir de um plano para facilitar a criação de produtos como fundos negociados em bolsa, os chamados ETFs, por empresas financeiras. A empresa financeira State Street começará a fornecer serviços para clientes interessados em investir em créditos de carbono. O enorme banco custodiante e gestor de recursos diz que a iniciativa deve tornar mais fácil para grandes investidores negociar os produtos, um passo fundamental para popularizar o investimento e torná-lo acessível para pessoas físicas. Existem dois tipos principais de investimentos em carbono. Os mercados regulados, em lugares como Europa e Califórnia, onde os poluidores são obrigados a comprar licenças de carbono para contabilizar as emissões, e os mercados voluntários, em que as empresas compram créditos para compensar de efetivamente sua pegada de carbono. Os créditos voluntários são relacionados ao financiamento de projetos que reduzem emissões ou as removem da atmosfera, como novas unidades de energia renovável ou a preservação florestal.

O mercado voluntário é muito menor, mas cresce rapidamente. Vem recebendo críticas que questionam a qualidade do crédito. Os dois tipos de crédito ganharam popularidade nos últimos anos, com a alta dos preços no mercado regulado da Europa e quando grandes empresas dos Estados Unidos recorreram a compensações voluntárias para cumprir metas climáticas. Como não existe um preço global para o carbono, valores mais altos para licenças em mercados regulados e créditos voluntários são vistos como as melhores maneiras de forçar as empresas a reduzir a poluição e cumprir as metas mundiais de emissões. O valor total dos mercados globais de carbono aumentou quase cinco vezes em quatro anos, atingindo cerca de US$ 950 bilhões no ano passado, com a Europa respondendo pela maior parte desse total, segundo a provedora de dados Refinitiv. A State Street anunciou que passará a fornecer serviços de custódia e gestão de recursos para os mercados de carbono, incluindo processamento e avaliação de ativos, coleta de preços e manutenção de registros de investimento para mercados regulados e voluntários.

A gestora fornece os serviços em resposta à demanda dos clientes. Segundo a State Street, quanto mais se vê os impactos físicos das mudanças climáticas, mais as pessoas apostam na necessidade das licenças de carbono, créditos voluntários e preços mais altos. A empresa quer estar pronta para a demanda que surgir. Além da gestão de ativos, a State Street planeja trabalhar com fundos de hedge e empresas de private equity interessadas no acesso simplificado ao investimento em créditos de carbono. As maiores empresas de Wall Street estão sob pressão para canalizar mais recursos para a transição dos combustíveis fósseis. A State Street aposta que, com a experiência na supervisão de cerca de US$ 38 trilhões em ativos sob custódia ou administração, pode garantir aos clientes confiança para investir na área. Atualmente, poucos fundos de investimento atuam no mercado de carbono, como o KraneShares Global Carbon Strategy ETF e o SparkChange Physical Carbon EUA ETC.

Os dois investem fortemente, senão totalmente, em licenças europeias. O KraneShares ETF detém contratos futuros vendidos pela Intercontinental Exchange, vinculados às licenças correspondentes, enquanto o SparkChange investe nas licenças diretamente. Os contratos futuros permitem que o investidor compre ou venda em uma data específica no futuro. São usados por especuladores para apostar em tendências de preços e por empresas para se proteger da volatilidade. Eles são essenciais para o desenvolvimento de mercados de commodities robustos. A State Street diz que terá fundos que detêm licenças ou contratos futuros. A instituição espera se tornar líder no mercado voluntário, que tem sido alvo de questionamentos sobre a qualidade dos créditos e falta de transparência. A CME Group lançou contratos futuros vinculados a compensações voluntárias e trabalha com registros que mantêm os padrões do projeto e certificam as compensações. Assim como outras commodities, os créditos de carbono têm preços voláteis.

Os preços das licenças na Europa caíram no início da pandemia do coronavírus e após a invasão da Rússia à Ucrânia. No início desse ano, subiram para 100 euros (cerca de US$ 110,00) por tonelada, pela primeira vez. Para a KraneShares, há muitos investidores interessados nos produtos de carbono, embora a demanda reduzida por investimentos de risco tenha provocado saídas de curto prazo. O fundo Global Carbon Strategy ETF da empresa, lançado há três anos, tem hoje cerca de US$ 600 milhões em ativos, abaixo do pico de cerca de US$ 1,4 bilhão, registrado no ano passado. Os defensores desse mercado argumentam que o carbono é um investimento atraente, especialmente para quem quer reforçar as credenciais ecológicas, já que os preços tendem a subir com o tempo, para combater as mudanças climáticas, e os reguladores tomam medidas para aumentar os preços nos mercados de conformidade. Os investidores querem de fato incluir a novidade no portfólio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.