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09/Mai/2023

Inadimplência recorde trava crescimento econômico

Nunca houve tantos brasileiros adultos inadimplentes, especialmente aqueles que vivem em centros urbanos ligados à indústria e à prestação de serviços, que ainda sentem o baque da pandemia. Em março, na média do País, 43,4% da população com mais de 18 anos de idade tinha deixado de pagar dívidas. É uma marca recorde da série iniciada em novembro de 2016 pela Serasa, empresa especializada em informações financeiras. O calote elevado emperra o crescimento da economia, tanto que o tema foi alvo de várias promessas de campanha dos candidatos à Presidência da República na última eleição. O lançamento do Desenrola, programa do governo federal de renegociação de dívidas das pessoas físicas, está atrasado, à espera de soluções para questões técnicas. Enquanto isso, a inadimplência avança, ainda em ritmo mais lento em relação ao passado recente, mas o suficiente para se manter em níveis recordes. Em março, 70,71 milhões de inadimplentes deviam, em média, R$ 4.731,62.

As pendências com bancos, cartões de crédito, lojas e contas de água, luz e serviços de comunicação somavam R$ 334,5 bilhões. Inflação e desemprego em desaceleração, mas ainda em níveis elevados, e a fraqueza da atividade econômica são o pano de fundo do mapa do calote que ganha contornos específicos em cada Estado. Isto é, depende da combinação entre o ritmo da atividade predominante na região, do desemprego, da renda e do volume de auxílios recebidos do governo pela população. De acordo com o levantamento da Serasa, em cinco Estados mais da metade da população adulta estava negativada em março. Antes da pandemia, em março de 2020, só um Estado ultrapassava a marca de 50%: o Amazonas, com 55,2%. Quem liderou o ranking dos Estados mais inadimplentes foi o Rio de Janeiro, com 52,6% da população adulta no vermelho, seguido por Amapá (52,4%), Amazonas (52,3%), Distrito Federal (51,1%) e Mato Grosso (50,2%). O Ceará, apesar do índice menor (45%), foi o Estado que mais avançou entre março de 2020 e março de 2023 no calote: mais de 8%.

Estados mais ligados ao setor de serviços, à indústria ou grandes centros urbanos estão em situação pior. Em março de 2020, o Rio de Janeiro ocupava a sexta posição no ranking dos mais inadimplentes e hoje está na liderança. Além da falta de dinamismo da economia do Rio de Janeiro, sem um setor rural forte ou cadeia exportadora, exceto o petróleo em alguns municípios, o Estado depende dos serviços, especialmente do turismo, que parou na pandemia. A renda é a principal variável que afeta a inadimplência. Segundo a LCA Consultores, no início da pandemia a inadimplência caiu para a mínima histórica porque houve uma grande renegociação de dívidas e a taxa básica de juros, a Selic, recuou para 2% ao ano. Houve um alongamento da curva de dívida das famílias. Mas, o calote começou a subir a partir do final de 2021 em razão da disparada da inflação. A alta de preços prejudicou principalmente as camadas de menor renda.

Enquanto o Rio de Janeiro está no topo da lista do calote, três Estados estão no polo oposto. Piauí com 36,7% da população adulta inadimplente, é o último do ranking, superando Santa Catarina (36,7%) e Maranhão (38,4%). Os benefícios sociais, tanto do governo federal como programas específicos dos Estados, são fatores de peso para o bom desempenho da inadimplência. Até o ano passado, Piauí e Maranhão eram Estados que percentualmente mais recebiam benefícios do Bolsa Família. Em fevereiro deste ano, o Piauí foi o Estado que mais recebeu Bolsa Família, com uma parcela de 19,4% da população. Maranhão também figura entre os mais beneficiados, com 17,5%. O melhor desempenho da inadimplência do Piauí e do Maranhão também pode estar ligado às maiores facilidades na renegociação de dívidas. Os motivos que levaram Santa Catarina a estar bem posicionado sobre a inadimplência são a combinação da forte cadeia exportadora ligada ao agronegócio de carnes e aves, com renda média alta e uma taxa de desemprego que chega a ser a metade da média nacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.