09/Mai/2023
Segundo o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas de desmatamento na Amazônia caíram 64% em abril ante o mesmo mês do ano passado, passando de 898 Km² para 321 Km². O acumulado do ano é 38% menor do que o registrado nos quatro primeiros meses de 2022. Por outro lado, no Cerrado, a devastação nos primeiros quatro meses deste ano cresceu 17% em relação ao mesmo período de 2022, chegando a 2.133 Km². Assim, o acumulado é 48% maior que a média histórica para o bioma. Quando se considera só o mês de abril, o aumento é de 31% em relação ao mesmo mês de 2022, passando de 541 Km² para 709 Km².
Essa área é cerca de duas vezes maior do que o desmate registrado na Amazônia Legal. As medições do Deter vão até o dia 27 de cada mês para o Cerrado e, para a Amazônia, até dia 28. Isso significa que os registros ainda podem ser revistos e aumentar. O Deter mede o desmate no Cerrado desde 2018 e na Amazônia desde 2015. No caso do Cerrado, os dados são alarmantes. Segundo a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, entidade que reúne organizações ambientalistas e do agronegócio, os alertas de desmatamento entre janeiro e abril superam os de todos os anos anteriores. Segundo a Fundação Solidaridad, a aceleração principalmente pela atividade agropecuária é crítica.
No Cerrado, cerca de 80% dos alertas de desmatamento ocorreram nas áreas do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), considerada a principal fronteira agrícola do Brasil. A taxa de desmatamento médio nesta região é três vezes maior que a da Amazônia. Quase metade da cobertura original já se perdeu. Uma das medidas apontadas por especialistas como fundamental para reverter essa tendência é a análise e validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) feito pelo proprietário rural ou posseiro. O CAR, não validado, é usado por infratores como instrumento para tentar legitimar ocupações fundiárias irregulares e a grilagem de terras.
Outra medida é garantir a ampliação e a proteção dos territórios de povos e comunidades tradicionais e assegurar a expansão das áreas de unidades de conservação, que respondem por parcela muito pequena do Cerrado, com apenas cerca de 3% do bioma na categoria de proteção integral. Em fevereiro, o novo presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que a meta do governo é reduzir, pela metade, o índice de desmatamento verificado no ano anterior. O Ibama voltou a atuar, após anos de paralisação, mas é preciso recuperar a estrutura do órgão, que foi esvaziada. O Ibama já chegou a ter 2 mil fiscais em campo. Atualmente, conta com menos de 350 agentes para fiscalizar o Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.