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08/Mai/2023

BNDES: governo deverá elevar crédito em dólares

O BNDES autorizou os agentes financeiros repassadores da linha de crédito rural em dólar a liberar recursos mesmo que o total exceda os R$ 2 bilhões estipulados como limite da nova modalidade, criada no mês passado. A procura pela nova modalidade já ultrapassou o montante de R$ 4 bilhões. O banco de fomento, que tem caixa em dólar para atender ao limite inicial estabelecido para a linha, deve recorrer a captações externas para complementar o saldo necessário para atender à forte demanda. Uma das alternativas, por exemplo, é utilizar o crédito de US$ 750 milhões que está sendo contratado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), operação já avalizada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A garantia do BNDES de que não faltarão recursos para o crédito rural explica a ampla oferta do produto por bancos e montadoras na Agrishow, apesar de o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ter afirmado que todos os recursos da linha haviam sido contratados na última segunda-feira (1º/05), primeiro dia do evento.

Na verdade, está marcada apenas para o próximo dia 16 a abertura do protocolo de negociações entre as instituições repassadoras e o BNDES, que já estuda a antecipação do calendário. De qualquer forma, o banco estatal orientou cada um dos agentes a atender a todos os pedidos porque o limite será suplementado. Em meio à polêmica do "desconvite" de última hora do ministro Fávaro, para fazer da abertura da Agrishow um palanque para o ex-presidente Jair Bolsonaro, o interesse do BNDES em atender às necessidades de financiamento do agronegócio pode ser vista como uma resposta mais eficiente do que a ameaça inicial do governo, de retirar o patrocínio do Banco do Brasil ao evento. Realizada em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, a maior feira do setor é palco de lançamentos tecnológicos e fechamento de negócios que, no ano passado, movimentaram R$ 11,2 bilhões. Grandes expositores preferiram se manter à parte do imbróglio político que marcou os preparativos para o evento.

O passeio de Bolsonaro pela feira, que oficialmente dispensou a cerimônia de abertura, foi acompanhado por um séquito de simpatizantes exaltados, mas executivos de bancos e grandes empresas permaneceram em seus stands. Apesar do apoio político de parte significativa do setor ruralista a Bolsonaro, para relações de negócios continua a valer a máxima "Rei morto, Rei posto". O Banco do Brasil não apenas manteve o patrocínio da feira como informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em nota, ter movimentado mais de R$ 2 bilhões em volume de negócios em quatro dias de evento. O ministro da Agricultura esteve na Câmara e no Senado para reiterar as prioridades da Pasta. Nas entrelinhas o reforço da mensagem de aproximação com a bancada ruralista. Fávaro, representante do agronegócio como a maioria de seus antecessores, tem a difícil tarefa de unir um setor fragmentado em torno de um mesmo projeto. E, por meio do BNDES, o atual governo começa a dar o seu recado. "Pode pedir (financiamento) que a gente dá um jeito", disse um integrante do governo. Fonte: Irany Tereza. Broadcast Agro.