26/Abr/2023
A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou, na segunda-feira (24/04), uma projeção histórica: a Índia se tornará até o fim do mês o país mais populoso do mundo, ultrapassando a China, que ocupa a primeira posição desde que os dados começaram a ser coletados, nos anos 50. Segundo informações do Fundo de Populações das Nações Unidas, os indianos já passaram a marca de 1,425 bilhão de habitantes. Segundo os demógrafos da ONU, assim como o crescimento da Índia, outro fator decisivo é o encolhimento da população chinesa, que chegou ao pico no ano passado e, desde então, começou a encolher, com menos nascimentos do que mortes. O declínio da população da China segue décadas de leis rígidas para controlar a taxa de natalidade, incluindo a introdução de uma política de filho único, na década de 80, multas por filhos extras, abortos forçados e esterilizações.
Embora inicialmente eficazes no controle da população, essas políticas se tornaram vítimas do próprio sucesso, e a China agora luta contra o envelhecimento de sua população, o que pode ter graves implicações econômicas. Recentemente, a China reverteu as restrições e incentivou as mulheres a terem mais filhos, mas com pouco resultado. As chinesas têm em média apenas 1,2 filho e espera-se que a população caia quase 10% nos próximos 20 anos. Segundo as projeções, a população chinesa cairá para menos de 1 bilhão no fim do século. Como em toda projeção estatística, no entanto, é impossível saber quando, de fato, a Índia passará a China. Isso pode até já ter acontecido. O momento exato jamais será conhecido. A mudança ocorre no momento em que a Índia tenta se colocar como protagonista no cenário global. O país deve sediar este ano a cúpula do G20. No front econômico, tem atraído diversas multinacionais que têm reduzido sua dependência da China.
O crescimento da Índia também coloca questões para o futuro do país, a principal delas é se ele conseguirá repetir o sucesso econômico chinês, impulsionado por uma mão de obra abundante e barata. Reformas na década de 90 estimularam o crescimento da Índia. Hoje, sua economia de US$ 3 trilhões é a quinta maior do mundo, impulsionada pelo crescimento de setores altamente qualificados, principalmente na área de tecnologia. Mas, a economia da Índia ainda está muito atrás da China. Em 1970, os dois países tinham rendas per capita quase iguais, mas hoje a da China é de US$ 12.556,00 por pessoa, em comparação com os US$ 2.256,00 da Índia, de acordo com dados de 2021 do Banco Mundial. Economistas alertam que, apesar de o PIB da Índia ter aumentado, também cresceu o desemprego. Cerca de 80% dos trabalhadores indianos ainda sobrevivem no setor informal, que é precário, mal pago e sem benefícios. Ainda assim, a Índia deve se beneficiar do dividendo demográfico, quando o aumento da população em idade ativa estimula o rápido crescimento econômico, desde que haja forte participação na força de trabalho.
Ao mesmo tempo, a vasta população da Índia também significa que muitos desafios se desenrolam em grande escala, seja enfrentando a crescente ameaça da mudança climática, disparidades entre os setores urbano e rural, um número cada vez menor de mulheres na força de trabalho e uma divisão religiosa cada vez maior. Segundo o Center for Policy Research, para que este século pertença à Índia, ela deve aproveitar ao máximo sua vantagem demográfica. A crise demográfica da China é oportuna para o crescimento da Índia, mas apenas se ela conseguir encontrar empregos de boa qualidade para sua abundante juventude. A China tem o maior número de pessoas no mundo desde 1950, ano em que A ONU começou a recolher dados populacionais. Hoje, tanto China quanto Índia têm mais de 1,4 bilhão de habitantes e juntos representam mais de um terço dos 8 bilhões de habitantes do planeta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.