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19/Abr/2023

Brasil perde com críticas de Lula aos EUA e Europa

Para evitar um novo mandato de Jair Bolsonaro, que seria terrível para o País, milhões de eleitores votaram em Lula da Silva mesmo sem concordar com os dogmas retrógrados do PT. Mas, Lula e o PT não parecem dispostos a fazer nenhuma concessão a esses eleitores, ao contrário, Lula poucas vezes foi tão fiel à ideologia carcomida que reduz tudo à luta de classes. Não pode ser outra a explicação para o comportamento de Lula em sua recente viagem à China, ocasião em que transformou o Brasil em sabujo dos interesses chineses só e exclusivamente para se distanciar dos Estados Unidos, o velho vilão da esquerda brasileira. No afã de parecer independente dos norte-americanos, Lula esteve a um passo de alinhar o Brasil à Rússia na guerra criminosa de Vladimir Putin contra a Ucrânia. Não se sabe exatamente o que o Brasil ganhou com esses gestos tresloucados de Lula, mas sabe-se o que está perdendo: sua tradicional imagem de país equilibrado, neutro em relação aos principais conflitos, mas defensor intransigente dos direitos humanos, como, aliás, está expresso no artigo 4º da Constituição brasileira.

Isso sem falar em ruídos desnecessários com parceiros relevantes, como Estados Unidos e Europa. Na viagem à China, Lula se destacou por sinalizar o alinhamento do Brasil a uma ordem internacional baseada no autoritarismo e na força em oposição a uma ordem baseada no direito internacional e na valorização dos direitos humanos, do pluralismo político e das liberdades civis. Tudo a pretexto dos “interesses econômicos”. De fato, as transferências tecnológicas da China são do interesse do Brasil. Para simbolizá-lo, Lula poderia visitar um dos muitos fornecedores chineses. Mas, selecionou a Huawei, epicentro de um entrevero no Ocidente por suspeita de espionagem, e afirmou que “ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China”. Lula também resolveu bajular os chineses ao defender a substituição do dólar pela moeda chinesa nas transações internacionais, sugerindo que a prevalência do dólar é mais um sinal do imperialismo norte-americano.

Em um par de frases, Lula deixou claro que desconhece que o mundo prefere negociar com uma moeda emitida pelo banco central autônomo da maior democracia do mundo, cujos pesos e contrapesos impedem que o câmbio e o fluxo de capitais sejam controlados por um autocrata, como é na China. Mas, um dos pontos altos do vexame da viagem de Lula foi o momento em que, ao falar da guerra na Ucrânia, voltou a equiparar o agressor, a Rússia, ao agredido, a Ucrânia, e a condenar os Estados Unidos e a Europa por ajudarem a Ucrânia a restaurarem sua soberania. As declarações de Lula não produziram nada a não ser indignação e indiferença e não melhoraram um centímetro a posição do Brasil na pretensão de integrar o time de mediadores do conflito. Hoje, aliás, o Brasil é cada vez mais visto como não confiável, por sua aparente simpatia pela Rússia e pela China. Em visita ao Brasil, o chanceler russo, Serguei Lavrov, não deixou por menos: “As visões do Brasil e Rússia são únicas”, numa referência à Ucrânia.

Não foi desmentido pelo governo brasileiro, e nem poderia, porque Lula disse textualmente que a Ucrânia é tão culpada pela guerra quanto a Rússia. Em outro momento particularmente irresponsável, Lula resolveu apoiar fortemente a China na sua querela com a democrática Taiwan. Mesmo que a declaração não mude o entendimento tradicional do Brasil, ela poderia ser evitada no momento em que a China ameaça retomar Taiwan à força, desafiando os Estados Unidos. Como se observa, Lula entregou ‘dedos e anéis’ aos chineses e russos em troca de um punhado de acordos comerciais pouco relevantes, e sem levar nem mesmo um protocolar apoio à pretensão brasileira de integrar permanentemente o Conselho de Segurança da ONU. Lula quer se apresentar como um dos grandes estadistas do mundo. Se depender do que se viu na viagem à China, será visto apenas como peão no Grande Jogo chinês, ou, para usar as palavras benevolentes da revista The Economist, como “ingênuo”. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.