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18/Abr/2023

Hidrogênio Verde atrai executivos do setor fóssil

O hidrogênio verde é obtido pela divisão da molécula da água feita por máquinas chamadas eletrolisadores movidas à energia renovável. Sua capacidade de transportar eletricidade verde para onde ela seja necessária e de alimentar células de combustível transformou o hidrogênio verde no sonho dos defensores da energia limpa por décadas e acabou por atrair o interesse da indústria de combustíveis fósseis. Entre os executivos de maior destaque a fazer essa transição está Meg Gentle, ex-executiva das empresas de gás natural liquefeito Cheniere Energy e Tellurian. Ela é conhecida por alguns como a rainha do GNL por seu trabalho de apoio na Cheniere durante a construção de seu primeiro terminal de GNL na Costa do Golfo para exportação de gás natural extraído nos Estados Unidos.

Outros executivos que estão aderindo ao hidrogênio verde são: Mark Hutchinson, ex-chefe das divisões da Europa e China da General Electric e atual CEO da unidade de energia limpa da mineradora Fortescue Metals; Paul Eremenko, ex-diretor de tecnologia da Airbus e da United Technologies e atual CEO da Universal Hydrogen, focada em infraestrutura de voo; e Marco Alverà, ex-executivo das empresas italianas de energia Enel SpA e Eni SpA e atual CEO da Tree Energy Solutions. Eles estão na vanguarda de uma entre as muitas transições que estão ocorrendo na indústria de combustíveis fósseis para obtenção da energia limpa do futuro. Depois de deixar a Tellurian no final de 2020, Gentle planejou tirar uma folga. No entanto, ex-colegas ligaram-lhe para falar sobre a startup deles, chamada HIF Global, que realizava um projeto no Chile para a produção dos chamados e-combustíveis.

Esses combustíveis sintéticos são baseados em hidrogênio verde, que normalmente é combinado ao dióxido de carbono, e podem substituir a gasolina convencional ou o combustível marítimo. Logo ela se tornou da CEO da HIF Global, envolvendo-se em suas operações diárias e ajudando-a a levantar US$ 260 milhões de investidores como a Porsche e a empresa de serviços petrolíferos Baker Hughes no ano passado. A HIF produziu uma pequena quantidade de combustível sintético no Chile em dezembro, e está tentando concluir sua primeira grande instalação no Texas até 2027. Gentle e outros executivos do segmento de energia deram este salto antes do governo norte-americano aprovar centenas de bilhões de dólares em créditos fiscais e outros subsídios para a energia limpa. O dinheiro torna os empregos em energia limpa mais atraentes.

Os créditos e outros incentivos abrangem cerca de 60% do custo médio do projeto de hidrogênio verde, estima o Goldman Sachs, transformando o que não era historicamente econômico em um negócio potencialmente lucrativo. As instalações de hidrogênio verde exigem nova infraestrutura, financiamento, licenciamento e acordos com clientes, componentes que veteranos da indústria de energia, como Gentle, dizem ser semelhantes aos do setor de combustíveis fósseis. Recentemente, ela ajudou a trazer Roberto Simon, um ex-banqueiro da área de energia que financiou projetos de GNL na Société Générale, para assumir o posto de novo diretor financeiro da HIF. Empresas petrolíferas como a Exxon Mobil e a Chevron adotaram o hidrogênio por causa de suas semelhanças com os produtos usados em seus negócios atuais e pelo seu potencial como combustível de energia limpa do futuro.

Eles criaram suas próprias divisões de hidrogênio com executivos internos. Muitos de seus esforços estão ligados à captura do carbono associado à produção atual de hidrogênio, que normalmente usa gás natural, em vez de hidrogênio verde. Cerca de 120 startups de hidrogênio arrecadaram ao redor de US$ 2,6 bilhões em patrimônio líquido em 2022, um aumento de quase 50% em relação ao ano anterior, mostram os números do PitchBook. O financiamento em 2021 quase igualou o total dos seis anos anteriores combinados. Muitos executivos dizem estar atraídos pelo hidrogênio verde por se tratar de um novo desafio. Quando transformado em líquido para o transporte, o hidrogênio não consegue transportar tanta energia quanto os combustíveis fósseis, o que gera uma dor de cabeça de custo e logística. Ninguém foi capaz de fazer isso em escala. A oportunidade é enorme.

A Fortescue Future Industries pretende usar hidrogênio e energias renováveis para reduzir as emissões de suas operações. A Fortescue quer combinar hidrogênio com nitrogênio para produzir amônia verde e enviá-la ao redor do mundo para clientes que não estão próximos aos locais de produção. A empresa investiu na Universal Hydrogen de Eremenko como um de seus potenciais parceiros. A startup pretende comprar hidrogênio da Fortescue e de outras empresas, para depois transportá-lo para aeroportos usando cápsulas que podem ser carregadas diretamente em aviões e acionadas por motores de célula de combustível. Um avião regional recentemente voou por 15 minutos usando um desses motores de célula de combustível. A ideia é convencer a Airbus e a Boeing a investirem mais dinheiro em voos movidos a hidrogênio.

A Tree Energy Solutions, de Alverà, também está tentando resolver um problema de infraestrutura com a construção de um grande terminal na Alemanha que poderia receber gás natural sintético, ou "eNG", derivado do hidrogênio verde. Os combustíveis sintéticos são atualmente muito mais caros do que os fósseis, mesmo com subsídios governamentais. Eles também produzem emissões quando queimados, embora as empresas digam que o uso de carbono reciclado atenua seu impacto ambiental. A empresa italiana de infraestrutura de energia SNAM SpA experimentou misturar hidrogênio com gás natural. O hidrogênio seria um negócio viável quando a eletricidade renovável se tornou mais barata que os combustíveis fósseis. Houve essa incrível reviravolta que está tornando tudo isso possível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.