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05/Abr/2023

Saúde: colesterol alto crescendo entre as crianças

Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 27,4% das crianças e adolescentes brasileiros têm altos níveis de colesterol total e um em cada cinco (19,2%) tem alterações no LDL, chamado popularmente de “colesterol ruim”. O dado é de uma grande revisão de estudos que selecionou 47 pesquisas de todas as regiões do País, com crianças e jovens de 2 a 19 anos, e se baseia nos parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). No longo prazo, os altos níveis de colesterol no sangue tendem a acarretar placas de gordura nas veias, que, por sua vez, podem provocar enfarte ou um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo. As pessoas estão acostumadas com enfarte aos 60, 70 anos, porque as pessoas começam a ter colesterol alto aos 40. Porém, o que se vê hoje é colesterol alto a partir dos 10 anos, o que pode causar enfarte aos 25, 30 anos, ou até mesmo antes. Entre os motivos, dizem os especialistas, estão a alimentação cada vez menos saudável, com grande consumo de alimentos ultraprocessados (como biscoito, chocolate, congelados etc) e o sedentarismo.

Fatores genéticos também têm grande influência. Com a longevidade maior entre aqueles que têm predisposição a enfarte e AVC, esse perfil genético também aparece com mais frequência na sociedade. Existem dois tipos de colesterol, mensurados em exames de sangue de rotina: o LDL (low density lipoprotein, a proteína de gordura de baixa densidade, em tradução livre) ou “colesterol ruim”; e o HDL (high density lipoprotein, a proteína de gordura de alta densidade, em tradução livre) ou “colesterol bom”. A soma de ambos é o colesterol total. Conforme o Departamento de Pediatria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), colesterol total acima de 170 mg/dL em adultos já é um sinal de alerta e acima de 200mg/dL é considerado muito elevado. Em crianças, esses valores são menores: é desejado o colesterol total menor do que 130 mg/dL. Acima de 150 mg/dL, já é considerado muito elevado.

Em termos específicos, uma criança com um colesterol LDL acima de 70mg/dL já é preocupante, mas o maior risco é se o nível estiver acima de 100 mg/dL. Se a criança tiver um colesterol HDL muito baixo, é ruim, porque ela não tem uma espécie de proteção. Agora, se isso for somado ao LDL alto, é uma doença chamada hipercolesterolemia. No caso das crianças, outro cenário também deve ser levado em conta: a síndrome metabólica. Nesses casos, há geralmente triglicérides alto e colesterol HDL baixo, podendo ou não ter colesterol LDL elevado. Aqui, é comum se perceber também o sobrepeso. Apenas de 20% a 30% do nível de colesterol no sangue é passível de mudança somente com a alimentação, mas a maior parte se refere a condições genéticas e herança familiar. É essencial destacar a hipercolesterolemia familiar, causada por um defeito genético no local que é onde o colesterol tem de se ligar ao receptor do LDL.

Nesse caso, a alimentação ajuda um pouco, mas não é suficiente sem medicação. O aumento da expectativa de vida pode explicar o avanço de casos. Uma pessoa que enfrentasse um enfarte há 40 ou 50 anos atrás, morreria. Hoje, sobrevive, tem filhos, netos, e vai transmitir essa tendência genética. Ainda assim, a alimentação saudável, somada à atividade física, mesmo em pessoas com índices normais de colesterol, já diminui o risco de doenças cardiovasculares. Muitas mães estão evitando que os filhos tenham acesso a alimentos gordurosos e ultraprocessados e elevam o consumo de frutas, verduras e pães integrais. Em se tratando de alimentação infantil saudável, uma nova tendência tem se destacado: o BLW (baby led-weaning), que pode ser traduzida como “desmame guiado pelo bebê”. Criado em 2008, esse método sugere que a criança, assim que começa a se alimentar, já pode entender melhor sobre a comida que lhe é apresentada, incluindo cores, formas e texturas.

Antes de dar uma fruta para um bebê, por exemplo, a pessoa mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. A grande questão é que precisa ser oferecido de forma adequada, leve e com persistência. Só que ser firme e gentil ao mesmo tempo é uma tarefa árdua. Por mais que esse método seja voltado para bebês, é possível aplicá-lo a crianças e adolescentes. Para essas faixas etárias, o segredo é deixar o alimento a vista, pedir companhia nas idas ao mercado para a compra, apresentar a comida saudável de diversas formas e dar incentivo pelo exemplo. A criança vai comer muito daquilo que o adulto oferece. Então se o adulto oferece bons hábitos, a gente vai ter bons hábitos. Se os pais comem coxinha e hambúrguer todos os dias, essa criança nunca vai comer brócolis. Por isso, é consenso dos médicos de que a mudança para hábitos mais saudáveis seja feita não importa a idade ou a condição médica. Atualmente, muitos jovens que enfartam na faixa dos 30 anos nem sabiam que tinham problema de colesterol. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.