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04/Abr/2023

Recuperação judicial: pedidos disparam no Brasil

As projeções para o número de pedidos de recuperação judicial previsto para este ano aumentaram. A piora no ambiente macroeconômico local e mundial, com juros altos, inflação persistente e a inesperada seca na oferta de crédito, após o evento de Americanas e mais recentemente pela quebra de bancos no exterior estão puxando crescimento nos pedidos. Nos dois primeiros meses de 2023, os novos pedidos de recuperação judicial subiram para mais de 200. Nesta semana, a cervejaria Petrópolis entrou com pedido de proteção contra credores e a varejista de moda Amaro com um pedido de recuperação extrajudicial (em que a negociação é fechada com uma maioria de credores e os demais são dragados). No mercado, não faltam nomes para engrossar essa lista.

As reestruturações de dívida feitas durante a pandemia, em 2020, tinham vencimento em 2023 e 2024, já sinalizavam a perspectiva de mais renegociações este ano. Mas, não se previa que a taxa Selic seguisse em patamar bastante elevado e, com a atividade econômica patinando, as empresas estão com dificuldades para equilibrar a geração de caixa ao pagamento de suas dívidas. A manutenção da taxa de juros continuará pressionando o fluxo de caixa das empresas, e, por conta disso, a tendência de mercado é um aumento nas renegociações de dívida, tanto em âmbito judicial quanto extrajudicial. O episódio envolvendo colapso de dois bancos nos Estados Unidos e do Credit Suisse na Europa gera ainda mais insegurança em um ambiente de crédito já restrito.

Embora exista a possibilidade de o número de pedido alcançar o recorde da Lava Jato, quando somaram mais de 1,8 mil em 2016, esse não é um cenário já dado e é preciso observar os desdobramentos das conversas das empresas com credores. O cenário ainda é mais negativo do que positivo. Mas, tudo vai depender da inclinação para negociação dos bancos e das gestoras de recursos, que carregam muitos títulos de dívida das companhias, como debêntures. Se for algo para rolar dois anos, a probabilidade de negociação aumenta. A Pantálica Partners acredita que o número de pedidos de recuperação judicial deve subir 50% em relação ao ano passado, uma parte delas em função do impacto do forte crescimento da inadimplência entre as pessoas físicas nas receitas das companhias.

O Banco Central divulgou que o endividamento das famílias ficou em 48,8% em janeiro, se aproximando do recorde da série histórica de julho do ano passado, em 50,1%. Chama atenção a perspectiva de um aumento de 30% a 40% nas operações de fusões e aquisições em decorrência desse cenário de dificuldade das empresas. O crescimento nos pedidos de recuperação judicial se trata de uma crônica anunciada. Na pandemia, “drogaram o sistema empresarial". Algumas empresas tomaram recursos sem efetivamente precisar deles. Só em fevereiro, os pedidos de recuperação judicial cresceram 86% na comparação com o mesmo mês de 2022, para 103, de acordo com levantamento da Serasa Experian. Em janeiro foram outros 92, aumento de 37%. Em 2022, foram registrados 833 pedidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.