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28/Mar/2023

Jovens despreparados para o mercado de trabalho

A falta de experiência profissional já é um desafio para quem tenta ingressar ou está começando no mercado de trabalho. Para milhões de jovens no Brasil, porém, há obstáculos muito maiores, e é preciso agir logo para reverter esse quadro, sob pena de que uma parcela significativa da juventude continue condenada a engrossar as estatísticas do desemprego ou a depender de programas assistenciais para sobreviver. Não bastassem as deficiências da educação básica, que tanto deixa a desejar, o País falha na oferta de ensino técnico e profissionalizante, seja por oferecer vagas em número inferior à demanda ou, não raro, por ignorar as profundas transformações que vêm remodelando a economia e o mercado de trabalho.

Um diagnóstico desse desarranjo, motivo de tantos prejuízos, acaba de ser lançado e deveria ser lido com atenção pelas autoridades responsáveis pela Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Trata-se da pesquisa “O futuro do mundo do trabalho para as juventudes brasileiras”, elaborada pelo Instituto Cíclica, em parceria com o Instituto Veredas e apoio do Itaú Educação e Trabalho, da Fundação Roberto Marinho e da Fundação Telefônica Vivo, entre outras entidades. Infelizmente, o ponto de partida é o atual cenário em que a taxa de desemprego na faixa de 18 a 24 anos corresponde a mais que o dobro da média geral do País. Outro dado grave diz respeito à chamada geração “nem-nem”, formada por quem não trabalha nem estudam, situação de um a cada quatro jovens de 18 a 29 anos.

É desolador, para dizer o mínimo, perceber a falta de perspectivas em que um contingente tão expressivo da juventude brasileira está mergulhado. Vale indagar: onde o País espera chegar abrindo mão do potencial de tamanha quantidade de jovens? A pesquisa ouviu 34 organizações da sociedade civil envolvidas com a inclusão produtiva de jovens, além de revisar mais de 500 publicações sobre o tema. Os resultados reforçam o “divórcio entre educação e trabalho”, na acertada expressão do Itaú Educação e Trabalho. Para 82% das organizações, os empregadores não encontram jovens com a devida qualificação para as vagas de trabalho anunciadas; para 77%, os jovens estão mal informados sobre o funcionamento do mundo do trabalho e sobre as carreiras do futuro; para 59%, os cursos de formação profissional não são atualizados nem estão em sintonia com o mundo do trabalho.

O estudo chama a atenção para o impacto da digitalização da economia, que cada vez mais substitui postos de trabalho, especialmente em funções que exigem menor qualificação. Um gargalo que se estreita, portanto, para a maior parte da juventude, considerando que cerca de dois terços dos jovens que conseguem seu primeiro emprego ganham até um salário-mínimo. Eis outro aspecto que merece atenção das autoridades educacionais. Claro está que não basta apenas expandir os cursos técnicos e profissionalizantes: é preciso repensá-los à luz das novas tecnologias. A digitalização e as inovações tecnológicas, como se sabe, também criam oportunidades, a começar pelo setor de tecnologia da informação (TI), no qual, aliás, é comum faltar mão de obra especializada.

Nesse sentido, o estudo lista carreiras consideradas promissoras para a inclusão profissional de jovens e defende que os cursos de EPT sejam expandidos também para atender quem já concluiu o ensino médio. A chamada economia verde, por exemplo, demanda profissionais para a instalação de equipamentos de energia solar, para a manutenção de turbinas eólicas e para o processamento de biocombustíveis. No caso da economia digital, um dos nichos é o de operador de drones. Já o envelhecimento da população faz crescer a procura por cuidadores de idosos. A menos que o Brasil tenha compromisso com o atraso, é preciso qualificar a formação da atual e das novas gerações. Criar condições para que um número cada vez maior de jovens conquiste empregos e ajude o País a crescer. O divórcio entre a educação e o mundo do trabalho não interessa a ninguém. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.