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21/Mar/2023

IPCC alerta para alto risco de catástrofe climática

De acordo com o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta segunda-feira (20/03), ainda há opções viáveis e eficazes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e fazer as adaptações necessárias às mudanças climáticas causadas pelo homem. Essas medidas estão disponíveis e agir de forma urgente pode garantir um planeta habitável no futuro. Algumas das mudanças climáticas futuras são inevitáveis ou irreversíveis, mas podem ser limitadas por alterações rápidas e de redução sustentada das emissões globais. O relatório aponta a necessidade de mudanças na forma de produção de alimentos, eletricidade, transportes, indústria, construções e uso do solo, além de indicar medidas como a ampliação do acesso à energia e tecnologias limpas. A eletrificação das fontes de emissão de carbono, no transporte público, por exemplo, resultará na melhora da saúde das populações.

Os benefícios econômicos para as pessoas apenas com melhorias na qualidade do ar seriam aproximadamente os mesmos, ou possivelmente ainda maiores, do que os custos de reduzir ou evitar as emissões. Os relatórios que dão base ao documento atual também indicam que há evidências de que algumas dessas políticas climáticas começam a ter impacto positivo. Até 2020, mais de 20% das emissões globais foram taxadas por impostos sobre o carbono ou sistemas de negociação de emissões, apesar de ainda terem sido insuficientes para gerar reduções mais profundas. Nos últimos anos, surgiram leis focadas na redução das emissões em 56 países que abrangem 53% das emissões globais em 2020. Nesse período, a judicialização dos litígios climáticos também cresceu. No entanto, apesar do progresso na implantação de medidas de adaptação em todos os setores e regiões, com benefícios documentados e eficácia variável, há lacunas nesse processo que irão continuar a crescer se a rota não for corrigida. O relatório aponta que alguns ecossistemas e regiões atingiram seus limites.

O documento também ressalta que os atuais fluxos financeiros globais para adaptação são insuficientes e restringem a implementação de opções de adaptação, especialmente em países em desenvolvimento. Esse foi um dos temas que exigiram os maiores esforços para a construção de um acordo na última COP, a Conferência do Clima, da ONU, no Egito. O Sexto Relatório de Avaliação do IPCC é uma síntese dos principais pontos revistos das conclusões prévias de 278 cientistas de 65 países. Esse documento será o “estado da arte” até 2030 e deve servir de guia para a tomada de decisões das nações desenvolvidas e em desenvolvimento. A integração de ações climáticas efetivas e equitativas não apenas reduzirá perdas e danos para a natureza e as pessoas, também proporcionará benefícios mais amplos. Esse Relatório de Síntese ressalta a urgência de ações mais ambiciosas e mostra que, agindo agora, ainda será possível garantir um futuro sustentável habitável para todos.

Manter o aquecimento global limitado a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, como prevê o Acordo de Paris, se torna um desafio cada vez maior na medida em que as emissões de gases estufa continuam a apresentar aumento contínuo, como no caso do Brasil. O relatório destaca que o ritmo e a escala do que foi feito até agora e os planos atuais, são insuficientes para enfrentar as mudanças climáticas. A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e uso irracional da terra levaram ao aquecimento global de 1,1°C acima dos níveis pré-níveis industriais. Isso resultou em eventos climáticos extremos mais frequentes e mais intensos, o que põe cada vez mais pessoas em perigo em todas as regiões do mundo. Uma população de até 3,6 bilhões vive em locais e condições de vulnerabilidade aos efeitos das mudanças climáticas. A justiça climática é crucial porque aqueles que menos contribuíram para a mudança climática estão sendo afetados desproporcionalmente.

O aumento da temperatura global, que leva a ondas de calor e chuvas mais intensas e outros extremos climáticos, eleva também a insegurança alimentar e riscos à saúde humana e aos ecossistemas. O IPCC aponta que quando esses riscos se combinam com outros eventos como pandemias ou conflitos, tornam-se ainda mais difíceis de administrar em efeito cascata. Há uma janela de oportunidade que está se fechando rapidamente. Priorizar processos de equidade, justiça climática, justiça social, inclusão e transição justa pode permitir a adaptação e ações de mitigação ambiciosas e o desenvolvimento resiliente ao clima. O documento do IPCC chama atenção para o fato que uma ação climática eficaz é possibilitada pelo compromisso político, governança multinível alinhada, estruturas institucionais, leis, políticas e estratégias e maior acesso a financiamento e tecnologia. Há capital global suficiente para fechar as lacunas de investimento, mas também há barreiras para redirecionar o capital para a ação climática.

Aprimorar sistemas de inovação tecnológica é fundamental para acelerar a adoção generalizada de tecnologias e práticas. As escolhas e ações implementadas nesta década terão impactos agora e por milhares de anos. Para o WWFBrasil, o novo relatório é uma mensagem direta e inequívoca. Os impactos climáticos apontados hoje são piores do que os previstos no último relatório de síntese do IPCC de 2014. Os estudos mostram que os atuais 1,1°C de aquecimento do planeta já causaram mudanças perigosas na natureza e no bem-estar das pessoas em todo o mundo e, por isso, é preciso medidas imediatas para barrar os impactos da crise climática. O IPCC dá, novamente, um recado contundente às lideranças de todo mundo: a natureza é inegociável e a mudança precisa ser feita agora. segundo a The Nature Conservancy, embora o tom deste relatório não surpreenda ninguém que esteja familiarizado com os três anteriores, o alerta é coerente: está ocorrendo um progresso lento, mas ele ainda representa apenas uma gota no oceano, em comparação com o tamanho da emergência. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.