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17/Mar/2023

ENGIE: Brasil é prioridade em energia renovável

O plano de dobrar a capacidade de energia renovável até 2030, para 80 gigawatts (GW), coloca o Brasil no centro da estratégia global da franco-belga Engie. O Brasil é considerado um dos três mais importantes, ao lado de França e Bélgica, para o grupo, que atua em 31 países. Nesse cenário, a multinacional avalia tanto a construção de projetos greenfield (novos) quanto a compra de ativos de geração no mercado. Nos últimos meses, a empresa anunciou que daria início à execução de dois novos projetos: o complexo eólico Serra do Assuruá, de 846 megawatts (MW), na Bahia, e o Assu Sol, de 752 MW, no Rio Grande do Norte. A previsão é de que estejam concluídos e em operação até o fim de 2025. Somando com o complexo eólico Santo Agostinho, em fase mais adiantada de obras e previsão de entrada em operação nos próximos meses, a Engie adiciona 2 gigawatts (GW) ao portfólio.

O desenvolvimento de novos projetos no Brasil tem sido um desafio para as geradoras elétricas, dado o cenário de preços baixos para a energia no curto prazo, que já influencia os contratos para períodos futuros, deixando os preços de mercado mais baixos do que o custo de expansão. Isso sem contar o financiamento mais caro por causa do atual nível de juros. Além disso, observa-se um avanço acelerado na instalação de sistemas de geração distribuída, como um limitador de crescimento da carga. Em paralelo, há também um grande volume de projetos com outorga concedida pela Aneel, com construção prevista para os próximos anos, o que poderia levar a um excesso de oferta. Mesmo sem garantir a venda da energia futura dos novos parques, a Engie tomou a decisão de investimento. Os projetos representam menos de 5% do portfólio da companhia, por isso, não acrescentam risco. Como efeitos haverá a natural renovação de contrato e a abertura de mercado, que vai chegar (uma referência à expectativa de liberação do acesso ao ambiente de livre contratação para todos os consumidores até o fim da década).

O País deveria aproveitar seu potencial de geração renovável em valores competitivos para atrair indústrias. Com a crise na Europa, muitas indústrias querem produzir a partir de energia limpa, o que não está disponível na Europa. O Brasil é uma oportunidade para nearshoring (trazer cadeias de fornecimento). A Engie concluiu a implementação do projeto Novo Estado, com a energização do sistema entre Tocantins e Pará, no fim de fevereiro. Ao mesmo tempo que estuda os lotes do próximo leilão de transmissão, não descarta avaliar potenciais ativos que venham a mercado. O projeto Novo Estado, com 1,8 mil quilômetros de linhas de transmissão, nova subestação e ampliação de outras três, foi adquirido em 2019 da indiana Sterlite, num negócio de R$ 410 milhões e que consumiu R$ 3,2 bilhões em investimentos. Esse foi o segundo projeto da Engie em transmissão. Antes dele, a empresa havia arrematado o projeto Gralha Azul, que também entrou em operação integral em fevereiro.

Com isso, a companhia tem agora em carteira, em fase de execução, apenas o projeto Gavião Real, composto pela ampliação da subestação Itacaiúnas e por um quilômetro de linha de transmissão, no Pará. O empreendimento foi arrematado em leilão no ano passado e é complementar ao sistema Novo Estado. O investimento foi estimado pela Aneel em R$ 110 milhões, mas a expectativa da companhia é de conseguir uma redução em 30%. A empresa também estuda diversos lotes do próximo leilão de transmissão, marcado para o fim de junho. Em meados de fevereiro, a Engie Brasil Energia (EBE) afirmou que buscará ao menos um lote médio ou grande. Em outra frente de negócios, a da Transportadora Associada de Gás (TAG), há planos de avançar em iniciativas visando à ampliação do acesso de novos agentes, seja pela oferta de capacidade na malha para carregadores interessados, seja por meio da construção de ramais de conexão, viabilizando novos clientes.

O setor de gás vai repetir um pouco o setor elétrico, com a abertura do mercado livre. O setor de gás está defasado 20 anos. As poucas iniciativas observadas até agora no mercado livre de gás são o pontapé inicial para o desenvolvimento desse mercado, mas sua expansão também depende do estabelecimento de regras mais claras. Esse mercado pode se expandir a partir da educação, a partir da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sendo mais protagonista na regulamentação. A situação observada na Europa também pode servir de estímulo para o desenvolvimento do mercado de gás. O gás do pré-sal é uma riqueza do Brasil que precisa ser explorada, precisa ser aproveitada. E esse gás pode servir para a industrialização, para fabricar fertilizantes. Há usos nobres, industriais, que poderiam ser utilizados. E pensando que o Brasil importa mais de 50% dos fertilizantes que consome, é uma oportunidade de estimular essa indústria. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.