ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Mar/2023

Inflação nos EUA impacta no mercado internacional

A persistência da inflação continua a assombrar o mundo. Em sabatina no Comitê Bancário do Senado dos Estados Unidos nesta semana, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reiterou o compromisso de conter a inflação e trazê-la de volta à meta de 2%. Segundo ele, o ritmo de aumento dos juros da economia norte-americana poderá ser intensificado caso a totalidade dos dados justifique tal decisão. “A restauração da estabilidade de preços provavelmente exigirá que mantenhamos uma postura restritiva da política monetária por algum tempo”, disse Powell. Seu recado foi compreendido pelos investidores, que se anteciparam à divulgação de novos dados sobre o mercado de trabalho e a inflação e ajustaram suas expectativas a um discurso mais austero. Até então, o mercado acreditava em um aumento da ordem de 0,25% na próxima reunião do Fed. Depois da sabatina, a maioria passou a esperar uma alta de 0,50%.

Assim, as estimativas sobre a taxa de juros ao fim do ciclo de aperto monetário subiram para um patamar entre 5,50% e 5,75%, e já há instituições projetando o pico dos juros em 6%. Além da inflação, vários indicadores recentes, como os de produção e serviços, têm apontado para uma reversão na tendência de esfriamento da economia dos Estados Unidos, observada até o fim do ano passado. O comportamento do mercado de trabalho foi um dos que mais causaram surpresas em janeiro, com mais de 517 mil vagas criadas e uma taxa de desemprego de 3,4%, menor nível dos últimos 53 anos. O discurso de Powell trouxe mais incertezas sobre a economia mundial, bem como novos desafios ao trabalho do Banco Central (BC) brasileiro. Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), quando os juros foram mantidos em 13,75% ao ano, o Banco Central já havia destacado que a alta dos juros nos países avançados demandaria mais cautela dos países emergentes na condução de suas políticas econômicas. Se, de um lado, o Banco Central tem sido pressionado pelo governo a reduzir a Selic e evitar uma recessão, de outro, a inflação continua a demonstrar resiliência.

A queda do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre, aliada à inadimplência das pessoas físicas e às dificuldades financeiras de empresas, deu força aos que defendem mais flexibilidade na condução da política monetária, mas as avaliações sobre a necessidade de maior comedimento por parte do governo na política fiscal ainda são predominantes. A esse cenário se soma agora a perspectiva de um aumento mais intenso da taxa de juros norte-americana, movimento que deve fortalecer o dólar perante outras moedas. Internamente, isso pode trazer novos elementos a serem considerados pelo Banco Central, haja vista que a desvalorização do Real tende a trazer ainda mais pressão sobre a inflação. Além disso, investidores estrangeiros em busca de maiores retornos financeiros podem migrar do País para outros mercados. Tudo isso reforça a necessidade de um arcabouço fiscal crível, melhor forma de ancorar as expectativas e facilitar a difícil tarefa do Banco Central. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.