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07/Mar/2023

Ovos de Páscoa registram a maior alta em 6 anos

Comprar chocolates na Páscoa vai pesar mais no bolso do consumidor neste ano. Isso porque o preço do doce teve sua maior alta em seis anos. Com a inflação acumulada para 12 meses em 13,61%, os chocolates tiveram mais que o dobro de alta em relação ao Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou, no mesmo período, em 5,77%. Às vésperas da Páscoa, o produto chega aos supermercados mais caro do que de costume, ainda sem contar com a elevação de preço para o período comemorativo. Com o aumento, quem comprou um ovo de Páscoa por R$ 50,00 no ano passado, agora pode ter de pagar quase R$ 57,00 pelo mesmo produto. O maior impacto é para quem ganha um salário-mínimo (hoje em R$ 1.302,00). Se antes o valor representava 3,8% da renda, agora pode ser 4,3%, o que pode fazer a pessoa deixar de comprar, por exemplo, 1 Kg de arroz. Para especialistas, a inflação acumulada dos chocolates é multifatorial e leva em conta questões como a alta no preço de insumos como leite e açúcar, inflação geral do País, os impactos globais causados pela guerra da Ucrânia, que encareceu fertilizantes, e até eventos climáticos como o La Niña, que atrapalhou a safra em 2022.

A XP explica que na lista de ingredientes para a produção do chocolate, os três principais produtos, que são açúcar, cacau e leite em pó, sofreram grandes altas de preço ao longo de 2022. No caso do leite e derivados, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 41% em junho de 2022, devido à seca no País. Toda a cadeia de produção do chocolate ficou mais cara em 2022, insumos, frete e mão de obra, o que refletiu diretamente no preço final. No varejo, outro fator que pode influenciar no preço dos chocolates é a recuperação judicial da Americanas. A empresa diz que é responsável pela “maior Páscoa do mundo” por vender um grande volume de ovos de chocolate, mas enfrentou dificuldades financeiras neste começo de ano e precisou tomar medidas para manter a presença na data comemorativa, como pagar fornecedores à vista. A varejista também irá promover os ovos de Páscoa de marca própria, a D’elicce. Como a indústria do chocolate trabalha com uma antecedência em relação a produção dos ovos de Páscoa, a maior parte da produção nacional para 2023 teve seus preços impactados diretamente pelas pressões no setor sentidos em 2022.

Com isso, os especialistas apostam em uma inflação sazonal para a Páscoa superior ao que foi visto em anos anteriores. As estratégias para o consumidor lidar com a nova realidade econômica dos produtos é buscar alternativas e usar a criatividade. Em um primeiro momento, o consumidor pode mudar para uma marca menos premium, o que o levaria a pagar preços mais baixos. Se isso não for suficiente, o consumidor deve avaliar a possibilidade de consumir bens substitutos, como acontece com a manteiga que é substituída pela margarina. Para o ovo de Páscoa, o concorrente é a barra de chocolate, que tende a ter um preço por grama de chocolate sensivelmente mais baixo. O consumidor pode ainda optar por fazer o próprio ovo de Páscoa ou uma sobremesa de chocolate, enfrentando apenas a inflação dos ingredientes. Essa é estratégia da Trento. A Páscoa se tornou uma data importante para as vendas da empresa, mesmo sem ter ovos de chocolate, porque o consumidor busca alternativas para comprar um produto similar que possa ser dado de presente.

A caixa Trento Mini Momentos, que tem dez unidades de Trento Mini, fez tanto sucesso no ano passado que, o que era para ser sazonal, entrou para a linha de produtos. Para combater as gigantes do mercado de chocolates, a companhia busca manter uma combinação de preço e qualidade, sem usar, por exemplo, gordura hidrogenada em seus produtos. Para evitar grandes abalos causados pelo cenário macroeconômico, a empresa está entre as que fecham acordos de longo prazo com fornecedores. Apesar de os insumos principais terem contratos lastreados em Bolsa e no dólar, e Trento compra matéria-prima para um período longo. Isso ajuda a evitar variações climáticas ou de safra. Em meio as pressões inflacionárias à véspera da Páscoa, a Dengo decidiu manter seus produtos sem aumento de preço, com zero de repasse de custo para os clientes em 2023. A expectativa da companhia é ampliar vendas em 30% este ano e, assim, aumentar o faturamento na quantidade de produtos comercializados na data.

Com os chocolates custando mais para serem fabricados, outra estratégia utilizada pelas marcas neste ano, segundo a Strong Business School (SBS), deve ser a “reduflação” dos ovos. Esse processo é conhecido por reduzir a quantidade de gramas do produto nas embalagens e mantendo o mesmo preço final. Este ano, com certeza, a Páscoa terá os ovos mais finos dos últimos tempos. A XP alerta que uma redução de preços dos chocolates ainda deve demorar a chegar às gôndolas dos supermercados. O preço final dos produtos só será sentido pelos consumidores depois da Páscoa, já no segundo semestre do ano, quando a demanda sazonal da data comemorativa é dissipada no mercado nacional. Em casos de choques de oferta, como o vivenciado pelo chocolate, a tendência é de que os preços sejam ajustados com mais rapidez, já os fatores que pressionaram a produção no passado tem previsão de normalização para os próximos meses, vide o caso de chuvas para as lavouras e quanto a meta geral de inflação, que pode chegar até 4,75% em 2023. Há uma previsibilidade melhor neste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.