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02/Mar/2023

América do Sul: as mudanças climáticas e as secas

Segundo um novo estudo da World Weather Attribution, as mudanças climáticas não estão causando a seca de muitos anos que devasta partes da Argentina, do Uruguai, do Brasil e da Bolívia, mas o aquecimento está agravando alguns dos impactos do período sem chuvas. O fenômeno climático La Niña é uma condição climática com duração de três anos que resfria o Pacífico central e altera temporariamente o clima em todo o mundo, mas dessa vez durou bem mais do que o normal. O La Niña é o principal culpada pela seca que vem devastando a região central da América do Sul e que ainda está em curso. O estudo ainda não recebeu revisão por pares. A seca atinge a região desde 2019, e o ano passado foi o mais seco na parte central da Argentina desde 1960, causando quebra generalizada das safras e fazendo o Uruguai declarar emergência agrícola em outubro. O abastecimento de água e o transporte também foram prejudicados.

Segundo Instituto Graham do Imperial College de Londres, não há sinal das mudanças climáticas nas chuvas. Mas, isso não significa que as mudanças climáticas não desempenhem um papel importante no contexto dessas secas. Em razão do aumento extremo do calor, os solos secam mais rápido e os impactos são mais graves do que seriam de outra forma. O calor aumentou a evaporação da pouca água que resta, piorando a escassez hídrica natural e agravando a destruição das plantações. Os cientistas descobriram que as mudanças climáticas tornaram a onda de calor de dezembro do ano passado 60 vezes mais provável. Segundo a Escola Ambiental da Universidade de Antioquia, na Colômbia, a derrubada de árvores no sul da Amazônia em 2020 atingiu a taxa mais alta em uma década, e isso significa menos umidade disponível mais ao sul da Argentina.

A equipe de cientistas da iniciativa World Weather Attribution usa observações e modelos climáticos tentar encontrar o fator das mudanças climáticas na frequência ou intensidade dos eventos climáticos extremos. Eles comparam o ocorrido com a frequência de ocorrências no passado, e executam simulações de computador que comparam a realidade com o que teria acontecido em um mundo sem as mudanças climáticas causadas pela atividade humana com a queima de combustíveis fósseis. No caso desta seca, os modelos na verdade mostram um leve e insignificante aumento na umidade em razão das mudanças climáticas, mas em clara conexão com La Niña, que segundo os cientistas está enfraquecendo.

Segundo o Instituto Argentino de Pesquisa em Neve, Glaciologia e Ciências Ambientais, ainda levará alguns meses, ou até mais, para que a região saia da seca, e isso depende do aparecimento do reverso do La Niña, o El Niño. No passado, a equipe de cientistas não encontrou ligação óbvia entre as mudanças climáticas e algumas secas e inundações, mas eles consideram que o aquecimento global é um fator presente na maioria dos climas extremos que investigam. Um dos motivos pelos quais são realizados esses estudos de atribuição é mostrar quais são os impactos realistas das mudanças climáticas. De fato, a mudança climática piora tudo. Mas, nem todas os eventos ruins que estão acontecendo agora são causadas pelas mudanças climáticas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.