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28/Fev/2023

PIB do Agronegócio brasileiro tem forte expansão

Em 20 anos (entre 2002 e 2022), o PIB do agronegócio do Brasil saltou (em números deflacionados) de US$ 122 bilhões para US$ 500 bilhões, valor equivalente ao PIB da Argentina. No final de 2022, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, que calcula anualmente, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a fatia que o agronegócio representa no PIB do País, considerou o biênio 2020-2021 como um dos melhores da história recente do agronegócio nacional. O número não foi maior porque, em 2022, impactado pela alta de insumos em decorrência das mudanças no cenário político mundial, o PIB do setor teve recuos sucessivos ao longo dos três primeiros trimestres do ano, acumulando queda de 4,28% de janeiro a setembro de 2022. Porém, o Brasil tem todo potencial necessário para continuar nessa escalada de prosperidade agrícola. O País tem pesquisa, difusão de informação e competência das pessoas.

O setor agropecuário é aberto ao mundo, não tendo problema de limitações de mercado, por isso pode aumentar significativamente a produção. Organismos internacionais projetam que, diante do crescimento da demanda global de alimentos nos próximos 10 ou 15 anos, o Brasil será provedor de pelo menos 30% a 35%. Diferentemente do que aconteceu no setor urbano, seja na indústria ou em serviços, o crescimento do agronegócio é persistente e essa é a primeira lição que o agro dá. Crescer sempre é mais importante do que crescer muito em alguns anos e cair nos anos seguintes. É um crescimento sustentável, o que torna o agronegócio bastante competitivo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calcula que o Brasil deve romper este ano a barreira das 300 milhões de toneladas de grãos, firmando-se como o terceiro maior produtor mundial de cereais, atrás da China e dos Estados Unidos. Esse crescimento se baseia no investimento em pesquisa e nas políticas públicas para o campo, que têm propiciado sucessivos recordes na produção agrícola.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a virada na agricultura brasileira começou com o advento da soja na Região Sul do País. A soja, de ciclo mais curto, permitiu fazer uma cultura de inverno depois dela, como o trigo, aveia ou sorgo. A soja possibilitou a 2ª safra. Com o tempo, esse processo evoluiu para outras regiões do País, com outras características. Nos Estados onde não chove no inverno, como boa parte das Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, não era possível plantar uma segunda cultura, mas isso não deteve os produtores. Quando foi ministro da Agricultura (de 2003 a 2006), Roberto Rodrigues lançou com a Embrapa a integração lavoura-pecuária, mais tarde lavoura-pecuária-floresta, permitindo fazer duas culturas também em regiões onde não chove no inverno, basicamente por causa do pasto. O produtor planta milho, soja ou algodão, que são culturas de verão, e depois da colheita tem o pasto formado para o gado.

Na área da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, o consórcio da soja com milho vai de vento em popa. Em 2005, a cooperativa tinha 55 agricultores associados e feijão era a cultura principal, sendo o milho plantado apenas na safra de verão (1ª safra). Atualmente, com 102 associados, a cooperativa planta 24 mil hectares de soja, produzem uma média de 80 sacas de 60 Kg por hectare e, cultivam o milho na 2ª safra. A Stoller, empresa especializada em fisiologia vegetal e nutrição, tem auxiliado a cooperativa nessa produção. Em um plantio comercial de soja da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, obteve-se produtividade de 6.672 quilos por hectare, o dobro da média nacional e acima da excelente média regional, de 4.800 quilos por hectare, uma mostra do impacto da pesquisa como motor do crescimento. Roberto Rodrigues lembra que a evolução em pesquisa e tecnologia mudou o perfil da produção, salientando que a irrigação possibilitou ao produtor fazer três culturas de soja, milho e feijão, irrigando quando necessário.

É uma soma de processos de evolução ao longo do tempo que começou com a soja, uma cultura praticamente nova no País. A adaptação da oleaginosa aos diversos microclimas do País fez, inclusive, o Brasil ultrapassar os Estados Unidos, se tornando o maior produtor do grão e o principal exportador mundial. Enquanto a safra 2002/2003 rendeu 47,4 milhões de toneladas de soja, a atual terá produção de 152,9 milhões de toneladas, um aumento de 322%, segundo a Conab. O milho, usado na rotação de culturas com a soja, cresceu 260%, de 47,4 milhões de toneladas para 123 milhões de toneladas. Em 1965, havia no Brasil somente 400 mil hectares de soja, produzindo 1.200 quilos por hectare. Hoje, são 44 milhões de hectares, produzindo 3.600 quilos por hectare. A evolução tecnológica, a tropicalização da soja e de outras culturas permitiram esse progresso espetacular na produtividade. O Brasil vai evoluir muito mais, pois tem o principal, o empreendedorismo do agricultor brasileiro. Fonte: CNA. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.