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28/Fev/2023

Agronegócio cresce com 3 safras na mesma área

A tecnologia do plantio direto, a irrigação e o melhoramento genético dos cultivares já permitem que os produtores brasileiros consigam colher até três safras agrícolas por ano numa mesma área. Em algumas regiões, é possível obter três safras cheias de grãos, como soja, milho e trigo, sem necessidade de arar, gradear ou adubar previamente a terra. O adubo é aplicado junto com a semente que vai para o solo quase no mesmo instante em que a cultura anterior é colhida. É cada vez mais comum nos campos brasileiros ver tratores com plantadeira “empurrando” a máquina colhedora. Segundo a Embrapa Soja, um conjunto de técnicas e manejos, aliado à pesquisa, está permitindo que a chamada 3ª safra avance em todas as regiões. De fato, 70% dos quase 77 milhões de hectares cultivados já utilizam o plantio direto, o que tem permitido a colheita de safras sucessivas sobre o mesmo terreno, levando a safras recordes. Para este ano, a previsão é de colheita de mais de 300 milhões de toneladas de grãos.

É preciso levar em conta que a expansão da soja no País contribuiu para essa evolução, pois, além de ser um grão altamente produtivo, a planta tem características que preservam e enriquecem o solo, evitando sua exaustão. A capacidade de produzir safras sucessivas na mesma área é um dos fatores que contribuem para aumentar a produção agrícola do Brasil sem abrir novas áreas de cultivo. Esse recurso se aproveita do plantio direto, uma prática conservacionista iniciada na década de 1970 pelos agricultores brasileiros. A técnica consiste em manter o solo sempre coberto por plantas ou resíduos vegetais, geralmente a palhada da cultura anterior, para fazer a semeadura e adubação sem necessidade de revolver o solo. A expansão da soja, que tem variedades precoces, com ciclo de 100 a 120 dias, ajudou a estreitar o calendário dos cultivos, possibilitando mais safras em menor tempo. Principal grão do País, a soja entra em praticamente todos os esquemas de uso intensivo do solo, fazendo a rotação com milho 2ª safra, feijão, sorgo e cobertura verde.

Outros países produtores de grãos, como Argentina, Estados Unidos e toda a Europa, não conseguem isso porque têm invernos rigorosos. Como exemplo, nas áreas cultivadas pela Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, de São Paulo, os 102 agricultores associados seguem um esquema de cinco safras em dois anos (um ano de três safras, outro de duas) e obtêm alta produtividade. A soja, plantada em 24 mil hectares, entra em todos os ciclos, em rotação com milho safra de verão, milho 2ª safra, sorgo, trigo, feijão e cobertura verde. O solo fica o ano inteiro com alguma lavoura ou com plantas que aumentam a umidade, fazem a reciclagem de nutrientes e combatem doenças da terra. Para fazer o plantio direto, os produtores deixam a palha e resíduos da cultura colhida sobre o solo, que, dessa forma, fica protegido do sol e da erosão. Essa cobertura mantém a umidade do solo, favorece o desenvolvimento de microrganismos e protege a reserva dos adubos usados na lavoura. Também evita a compactação do solo.

Plantadeiras próprias para esse cultivo abrem sulcos no solo e depositam as sementes, junto com o adubo. O próprio equipamento cobre os sulcos com terra, favorecendo a germinação. Segundo a Embrapa Soja, o País consegue alta produtividade mesmo com baixo uso de irrigação. A maioria da área de grãos brasileira depende de chuva. Na soja, por exemplo, só 4% da área é irrigada. Irrigar 46 milhões de hectares é quase impossível. Além do custo, haveria o problema da água. Então, se investe no bom manejo, na rotação de culturas, e aí a pesquisa, que permitiu desenvolver variedades de soja, por exemplo, com um sistema radicular mais profundo e que resiste mais à seca. No oeste do Paraná, os agricultores também já fazem três safras seguidas em um ano, sempre incluindo a soja. O Estado é o segundo maior produtor do País, e colhe 20,7 milhões de toneladas nesta safra. Como o País tem biomas com muita diversidade, as regiões agrícolas adaptam o manejo das lavouras usando as tecnologias disponíveis em cada área.

A 3ª safra em Mato Grosso costuma envolver soja, milho 2ª safra e cobertura verde. No Paraná e no interior de São Paulo, entram soja, milho e trigo ou sorgo. Em Mato Grosso do Sul, soja, milho e pasto (braquiária); e no Rio Grande do Sul, Estado com temperaturas mais baixas, trigo, soja e olerícolas. Agora, existe o sistema de plantar soja no meio do milho, que ainda está no início, mas tem tudo para se expandir. O uso de sistemas de produção intercalados pode levar o Brasil a dobrar a atual produção de grãos na próxima década. O País tem uma área de 120 milhões de hectares de pastagens, e metade disso é de pastagem degradada. Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) mostram que vamos aumentar, só de soja, de 10 milhões a 15 milhões de hectares, e a soja é uma grande recuperadora de solos, por isso recupera também as pastagens. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.