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23/Fev/2023

Crescimento da atividade rural e da agroindústria

Já vencidos os primeiros 50 dias de 2023, números referentes à economia deste ano começam a tomar corpo, muitas vezes ainda em caráter meramente especulativo, mas que servem para orientação e tomada de decisão de empresários, investidores e organizações trabalhistas e patronais sobre o que fazer. No agronegócio a questão está efervescente, seja porque a colheita de grãos da safra 2022/2023 está em andamento e com uma expectativa positiva quanto a volumes a serem produzidos, seja porque os custos de produção dele subiram demais de um ano para o outro (em média 35%), seja porque é mais ou menos consensual que os preços agrícolas devem cair um pouco ao longo do exercício fiscal. As primeiras expectativas quanto ao PIB, por exemplo, são animadoras. Segundo o IBRE/FGV, por exemplo, o PIB da agropecuária deverá crescer em torno de 8% no ano, enquanto o PIB total do País deverá ficar estável ou avançar algo como 1%, o que dependerá ainda das políticas de governo quanto ao controle das despesas públicas, condução da questão fiscal e da tributação sobre o agro.

Vale a pena recuperar alguns pontos nesse capítulo. Embora a agropecuária tenha esse crescimento, o agronegócio deverá avançar menos. Segundo cálculos da CNA, deverá crescer apenas 2,5%, mesmo assim positivos, depois de uma queda em 2022 de 4,1% devido à seca no Sul do País e geadas em várias regiões. No ano 2000, o PIB do agronegócio foi de R$ 1,835 trilhão. No ano passado, R$ 2,455 trilhões, ou 34% a mais, tudo em valores corrigidos. Aliás, o PIB do agronegócio em 2022 correspondeu a 27% do total nacional. Muito interessante a esse respeito é verificar essa participação relativa do agronegócio no PIB total do Brasil. A maior de todas foi em 1966, de 31,9%, seguida pela de 2003, de 30,4%. Por outro lado, a menor foi em 2014, de 19,1%. Fica claro que, nos últimos 20 anos, esta participação relativa teve uma variação extrema de 19,1% a 31,9%, mas as médias estiveram sempre em torno de 23% a 25%. Considerando que a produção agropecuária teve crescimento muito maior, como explicar essa pequena flutuação na composição do PIB?

Há várias especulações a respeito, mas duas são preponderantes. A primeira é o espetacular avanço da indústria de alimentos, que hoje consome 58% de toda a safra nacional agrícola. Isso mostra um equilíbrio entre o crescimento da atividade rural e o da agroindústria, que, aliás, exporta seus alimentos processados para cerca de 200 países. Com esse equilíbrio fica explicado o fato de a participação do agronegócio no PIB estar estabilizada. A segunda está nas exportações, cujo reflexo gera grande impacto no setor de serviços. Em 2000, o agronegócio exportou US$ 20 bilhões em números redondos. E, no ano passado, US$ 159 bilhões, quase 8 vezes mais. Evidenciado está que, embora sejamos um grande produtor de commodities agrícolas, a atividade rural impacta de forma muito positiva as cadeias globais de produção, ajudando os setores industriais e de serviços a também crescerem. Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro.