ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

14/Fev/2023

Agroindústrias querem aproximação com governo

Indústrias ligadas ao agronegócio, de fabricantes de alimentos à de insumos agrícolas, têm liderado a interlocução do setor produtivo com o novo governo. Nos primeiros 45 dias de governo Lula, representantes da cadeia industrial agrícola vêm abrindo as portas no relacionamento do agronegócio com o governo, enquanto produtores e representantes do Ministério da Agricultura ainda trocam farpas. A maior parte da indústria se manteve neutra nas eleições. Os produtores, em sua maioria, se manifestaram a favor da reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Houve também ruídos por parte do governo atual, deteriorando o setor. Tudo isso prejudicou a retomada tão breve do diálogo. Executivos dessas empresas afirmam que a ponte da indústria agro é facilitada pela presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin, no governo e pela necessidade imediata de restabelecer relações pensando no Plano Safra 2023/2024. Estamos há menos de cinco meses para um novo Plano Safra ser elaborado por uma equipe política que acabou de entrar, embora a técnica permaneça. Neste momento, o pragmatismo precisa imperar sobre qualquer ideologia para levar as mensagens e demandas do setor. O segmento acredito que, pelo histórico de Alckmin no governo de São Paulo, sempre bem ligado ao setor, ele será um agente no convencimento da importância de recursos para crédito rural. O fato de as gigantes do setor serem, majoritariamente, multinacionais e com políticas de relações governamentais bem estabelecidas contribui para a interlocução ser puxada pela indústria.

Para a indústria de insumos, não existe estar ao lado ou ser oposição ao governo, mas, dentro do que o compliance permite, entendem que é necessário estreitar relações, independentemente de governo, para avançar em modernizações em prol do setor. O setor de biocombustíveis, por sua vez, tem buscado a intermediação do ministro e do vice-presidente nas demandas de aumento da mistura obrigatória do biodiesel ao diesel e de retomada da cobrança de impostos sobre combustíveis. Essa relação de aproximação da indústria agro com o novo Executivo e de resistência de parte do setor ficou evidente no primeiro grande encontro agropecuário com o novo governo: o Show Rural Coopavel, feira agrícola realizada em Cascavel (PR) na semana passada. Esta é a primeira do calendário de eventos agro. Em um movimento atabalhoado, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi convidado por lideranças cooperativistas nacionais para participar da feira e o convite foi, posteriormente, retirado por representantes da organização local. Presente na feira, a convite de lideranças da indústria de máquinas agrícolas para uma agenda com o setor, o futuro secretário de Política Agrícola do ministério, Neri Geller, fez um discurso se colocando junto aos produtores, mas dando o recado de que o orçamento depende de vontade política. A equalização de taxas de juros no Plano Safra tem limitações orçamentárias.

O setor tem de saber que essas questões passam pela política, segundo Geller. Quando se fala em orçamento, você precisa ter boa vontade por parte do governo para buscar esses recursos, afirmou Geller na ocasião, após dizer também que os produtores não precisam estar brigando com o presidente para fazer avanços. Parte da plateia avaliou seu discurso como necessário e de chamamento ao setor. Outra parte ficou nitidamente insatisfeita com o recado. Com o discurso de reconstruir pontes e, juntos, sentar à mesa para debater políticas agrícolas, o ministro Carlos Fávaro tem feito aproximações pontuais diretamente com os produtores rurais. Dois movimentos neste sentido ocorreram nas cerimônias de posse das novas diretorias da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Entretanto, nos bastidores, as mensagens dos produtores são pouco amistosas e trazem à tona receios do setor com movimentos sociais e eventual insegurança jurídica. Nas entrelinhas, também chamam a atenção do governo quanto ao peso econômico do campo no País. Do lado dos produtores, entidades se queixam de que há pouco feito de concreto pelo governo até o momento e a pouca valorização ao trabalho do agricultor. Elas dizem não admitir que o setor tenha sido vinculado levianamente aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Estreitar relações ou buscar interlocução tem de partir do governo. Um governo que tenta criminalizar o agro não quer diálogo, mas a radicalização não pode partir dos produtores, diz uma liderança. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.