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06/Fev/2023

Dólar em alta acompanhando o movimento externo

O dólar disparou quase 2% frente ao Real na sexta-feira (03/02), depois que um relatório de emprego surpreendentemente forte do governo dos Estados Unidos reduziu esperanças de abrandamento do aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), enquanto investidores continuaram repercutindo críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à independência do Banco Central. O dólar subiu 1,98%, a R$ 5,14, bem distante de patamares intradiários abaixo de R$ 5,00 atingidos no dia 2 de fevereiro. O dólar teve a maior valorização percentual diária desde 10 de novembro/2022 (+4,10%) e a cotação de encerramento mais alta desde 23 de janeiro/2023 (R$ 5,19). Na semana passada, a divisa norte-americana avançou 0,64%.

O dólar disparou globalmente depois que o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou a abertura de 517 mil vagas de emprego fora do setor agrícola do país no mês passado. A leitura ficou bem acima das 185 mil vagas esperadas por economistas. Segundo a UPON Global Capital, os dados mostram que o mercado de trabalho está muito apertado, sem sinais de que terá um arrefecimento significativo no curto prazo. Portanto, aumenta muito a probabilidade de que o Fed precise manter a política monetária em patamar mais restritivo e por mais tempo. Após os dados de emprego, o mercado futuro norte-americano passou a refletir chances maiores de que o Fed não pare de elevar os juros até que chegue à faixa de 5% a 5,25%.

Antes do relatório, os operadores viam uma pausa em pouco menos de 5% como mais provável, principalmente depois que o chair do banco central, Jerome Powell, comemorou, no dia 1º de fevereiro, um recente arrefecimento nos dados de inflação norte-americanos. Respaldaram a perspectiva de uma postura ainda rígida por parte do Federal Reserve dados mais fortes do que o esperado do setor de serviços dos Estados Unidos, cuja atividade se recuperou acentuadamente em janeiro. Juros mais altos na maior economia do mundo tendem a redirecionar recursos de ativos mais arriscados para o mercado de renda fixa norte-americano, que é extremamente seguro. Nesse contexto, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes avançava mais de 1% na sexta-feira (03/02).

Segundo a Geral Asset, também colaboraram para a alta do dólar frente ao Real as falas recentes de Lula, que afirmou em entrevista que pode buscar rever a autonomia do Banco Central quando terminar o mandato do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, em 2024. Lula tem criticado a taxa de juros elevada e a independência do Banco Central com frequência, afirmando que a instituição não faz mais agora do que quando seu presidente era trocado sempre que um novo governo assumia. Separadamente, a ministra da Ciência, Luciana Santos, afirmou que o Banco Central precisa reduzir os juros e que isso terá que ser garantido "nas ruas", sugerindo uma mobilização da equipe do governo por trás dessa agenda.

Por outro lado, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou na sexta-feira (03/02) que a autonomia do Banco Central não está na pauta do governo e que o Lula não pediu a elaboração de uma proposta legislativa para reverter a independência formal da autoridade monetária. No dia 2 de fevereiro, o dólar chegou a ser negociado abaixo dos R$ 5,00 pela primeira vez desde junho do ano passado, o que a B&T Câmbio atribuiu em parte ao comunicado de política monetária do Banco Central, que manteve a Selic em 13,75% e indicou juro altos por mais tempo.

No Brasil, o Banco Central manteve a taxa inalterada e indicou que não deve retroceder tão cedo, indo na contramão de recentes pronunciamentos de representantes do governo que desejavam um breve recuo e começaram a ventilar a possibilidade de revisão sobre a autonomia do Banco Central. Custos de empréstimo altos no Brasil tornam o Real mais atraente para uso em estratégias que buscam lucrar com diferenciais de juros entre economias. Por outro lado, tendem a esfriar a atividade econômica, o que no curto prazo pode jogar contra a agenda desenvolvimentista do governo Lula. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.