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06/Fev/2023

Rentabilidade do setor exportador está estagnada

Em uma década, o ganho do exportador brasileiro ficou praticamente estagnado, mesmo com a forte desvalorização do Real nesse período. Na prática, o empresário viu a perda de valor da moeda uma cobrança tão recorrente da indústria, ser corroída pelo aumento de custos externos e internos. Segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), na comparação entre o acumulado de janeiro a novembro de 2022 e o mesmo período em 2012, a rentabilidade das exportações cresceu apenas 7,3%. No caso da moeda, cada dólar custava, em média, R$ 1,95 há uma década e, em 2022, estava em R$ 5,15. Depois do início da Covid-19, houve uma tendência de alta dos preços dos produtos que o Brasil exporta e uma depreciação do Real, mas o custo corroeu todo o ganho dessas duas variáveis. A pandemia de Covid-19 provocou uma desorganização do comércio internacional, com interrupção nas cadeias globais de fornecimento.

O resultado foi um aumento dos custos de se fazer negócio entre os países, com preços mais altos de insumos e commodities. O frete e o aluguel de contêineres para a exportação também encareceram. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no ano passado 90% de todas as importações brasileiras foram compostas por insumos, bens intermediários e bens de capital. No levantamento mais recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado em dezembro, a participação de insumos importados chegou a 24,3% do total utilizado pela indústria. Em 2019, correspondia a 22,7%. Nos setores não industriais, como a agropecuária, por exemplo, em que há uma dependência menor de insumos importados, houve um ganho de 26% na rentabilidade de 2012 para 2022. Na indústria extrativista, foi registrada uma queda de 10%. Na de transformação, a alta foi de 6%.

No setor de alimentos, papel e celulose, a desvalorização cambial até ajuda, mas isso não é verdade para parte da indústria que depende de muito insumo importado. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) destaca que o déficit da balança comercial brasileira de manufaturados vem crescendo de forma contínua. No ano passado, atingiu um recorde: déficit de US$ 128 bilhões. No ramo de máquinas e equipamentos, o aumento de custos dos últimos dois anos mitigou a melhora dos números de exportações. Os dados mostram uma rentabilidade estagnada na última década. A inflação do setor foi de 17,6%, no ano passado, e de 25% em 2021. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a desvalorização cambial não acompanhou. Todo aumento de custo, com frete e contêiner, não é possível de ser repassado. Há um consenso entre os especialistas de que o Brasil tem um longo caminho a percorrer se quiser garantir um ganho maior para o exportador.

Há sempre o chamado custo Brasil (expressão utilizada para se referir a um conjunto de dificuldades estruturais que atrapalham o crescimento do País). O custo Brasil envolve insegurança jurídica, o aspecto tributário, problemas de logística. Para a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), e não reduzir esse custo, o País vai sempre exportar commodity e pouco produto manufaturado. Na lista de prioridades está a reforma tributária, que pode ajudar a reduzir o custo das exportações. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a reforma tributária é uma sinalização importante, inclusive para as multinacionais, que, em vez de irem embora, vão voltar a investir no País. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a competitividade das exportações passa por reforma tributária, investimentos em logística, qualificação de mão de obra e incentivos à inovação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.