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27/Jan/2023

Dólar poderá cair abaixo de R$ 5,00 no curto prazo

O cenário externo favorável a divisas emergentes pode levar o dólar a cair abaixo dos R$ 5,00 no curto prazo. A avaliação é de que os fundamentos positivos, com o impulso aos preços de commodities criado pela reabertura da China e a perspectiva de que os juros dos Estados Unidos atinjam o pico em breve, podem prevalecer nos próximos meses. Mas, esse movimento também está ligado a um fator local: a adoção de uma política fiscal crível e sustentável. Modelos que têm como base os fundamentos da economia indicam um "valor justo" entre R$ 4,50 e R$ 4,90 para o dólar no médio prazo, entre 11,4% e 3,5% abaixo da cotação de R$ 5,07 atingida no fechamento de quarta-feira (25/01). A divisa norte-americana continua acima do nível de R$ 5,00 apenas devido às dúvidas em torno da sustentabilidade fiscal no País. Não à toa, acumula perda de 3,79% em relação ao Real em 2023, menos intensa do que a vista em relação às moedas do Chile (-5,39%) e Colômbia (-5,83%).

Segundo o Banco Fibra, se o governo fizer o mínimo dever de casa, que é ter uma política fiscal que aponte para a estabilidade ou o recuo da relação dívida/PIB, há um potencial grande para o Real ganhar valor. Como é uma moeda já depreciada em relação aos pares, não precisa ser feito muito para ter uma entrada grande de recursos. Conforme a comunicação do governo sobre esse tema ficar mais clara, o Real pode chegar abaixo de R$ 5,00 nas próximas semanas e esse movimento pode continuar por um tempo. A expectativa de aceleração do crescimento chinês este ano e a perspectiva de desaceleração do ciclo de aperto monetário dos Estados Unidos sustentam a leitura de fortalecimento do Real, que pode levar o dólar a R$ 4,90 nas próximas semanas. A cotação está em linha com o limite superior indicado pelos modelos de "valor justo", que indicam um nível entre R$ 4,80 e R$ 4,90 para o dólar no médio prazo.

Os modelos de médio prazo da BlueLine Asset indicam um "valor justo" entre R$ 4,70 e R$ 4,80 para o dólar, considerando a expectativa de que o déficit em transações correntes este ano continue financiado com folga pelos Investimentos Diretos no País (IDP). Com as contas externas favoráveis, um cenário em que a moeda norte-americana caia abaixo de R$ 5,00 no curto prazo é factível, especialmente se o governo avançar em pautas como a reforma tributária, citada como prioridade pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O principal problema e ponto de preocupação ainda é o quadro fiscal brasileiro, que em alguns momentos fez com que o dólar batesse os R$ 5,40, porque acaba importando prêmios de risco em alguns ativos financeiros, como o câmbio. De um lado, há fundamentos positivos que sugerem que a moeda poderia tranquilamente cair abaixo de R$ 5,00, enquanto o quadro fiscal ruim pode levar o dólar acima de R$ 5,50. O diferencial de juros da economia, com a taxa Selic estável em 13,75% até o terceiro trimestre, também deve beneficiar a moeda brasileira.

Mesmo assim, a expectativa é de que o dólar encerre 2023 entre R$ 5,30 e R$ 5,40, devido à incerteza com o quadro fiscal do País. Há um prêmio na projeção de médio prazo, mas, no curto prazo, normalmente, os fundamentos prevalecem. A moeda brasileira passou por um processo de desvalorização nos últimos anos, na esteira de ruídos na política externa e doméstica que afastaram o investidor estrangeiro do País, com o mau manejo da crise sanitária e da política ambiental e os recentes furos no teto de gastos. Por isso, há espaço para que o Real ganhe força de maneira sustentada caso o governo seja capaz de sinalizar que adotará uma política fiscal responsável. Segundo a Warren Renascença, fatores técnicos de mercado também podem contribuir para o fortalecimento do Real. Isso porque a tendência é de que investidores estrangeiros que entraram no mercado à vista reduzam as posições compradas em dólar futuro, usadas como hedge, ao longo do ano, diante dos altos custos criados pelo CDI elevado.

Os estrangeiros detêm uma posição comprada na B3 ainda bastante relevante, mas há boa probabilidade de que uma parcela dessa posição seja revertida ao longo do ano, o que também contribui para a apreciação da moeda. A normalização do ambiente de liquidez alcançada com a diminuição da dívida de exportadores e com o fim do overhedge de bancos desde a segunda metade de 2022 pode contribuir para um fluxo positivo no ano. Para a Nova Futura Investimentos, o mais provável é que a dinâmica de enfraquecimento global do dólar continue ao longo do primeiro semestre, devido à expectativa de desaceleração do aperto monetário do Fed (banco central norte-americano) e ao bônus aos preços de commodities com a reabertura da China.

Mesmo assim, as dúvidas em torno da política fiscal devem impedir o dólar de cruzar a marca dos R$ 5,00, apesar do diferencial de juros positivo no Brasil. Flutuar entre R$ 5,00 e R$ 5,20 seria uma boa definição para o dólar nesse primeiro semestre. A Nova Futura espera um fortalecimento da moeda norte-americana a R$ 5,40 no fim de 2023. No segundo semestre, deve haver uma exaustão de vetores positivos, com o fim da reabertura da China, o Fed propondo manter o juro alto por mais tempo e a questão fiscal incomodando mais no Brasil, quando ficar claro o impacto da PEC da Transição na inflação brasileira e no espaço para o Banco Central conduzir a política monetária. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.