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17/Jan/2023

Safra de grãos: dados da Conab e do IBGE divergem

Tanto o IBGE quanto a Conab anunciaram recentemente suas previsões para a safra de grãos 2022/2023, e desta vez com algumas diferenças significativas. Normalmente as duas instituições (ambas governamentais, mantidas com os impostos dos brasileiros) têm apresentado números muito próximos, com variações sem muita importância e que são explicadas pelas diferentes metodologias de amostragem. Mas agora não foi assim. O IBGE aponta uma possível colheita de 296,2 milhões de toneladas, enquanto a Conab fala em 310,9 milhões, ou cerca de 14 milhões de toneladas a mais, quase 5%! É muita coisa! As principais disparidades estão na soja e no milho.

A Conab espera uma colheita de soja da ordem de 152,7 milhões de toneladas, enquanto a expectativa do IBGE é de 148,4 milhões. Para o milho, a Conab estima 125 milhões e o IBGE chega a 116 milhões. As previsões para arroz são parecidas, ambas ao redor de 10 milhões de toneladas. Para o trigo, a Conab espera 9,7 milhões e o IBGE vai a 8,4 milhões de toneladas. São dois os principais temas que chamam a atenção nessa numerologia. O primeiro é a diferença em si mesma. Ambas as instituições são respeitadas por sua tradição em levantamentos de safra, ambas têm equipes bem treinadas e superexperientes, como podem trazer resultados tão distintos?

A questão que se apresenta, e não seria a primeira vez, é: para que DUAS entidades do mesmo governo fazem estas previsões? Não está na hora de fundi-las numa só? Não seria mais funcional? E vale a pena assinalar que no novo governo a Conab deixa de ser ligada ao Ministério da Agricultura e passa a integrar o Ministério de Desenvolvimento Agrário. E o segundo tem a ver com credibilidade. Essas informações são relevantes para o mercado, aí incluídos os produtores rurais e suas cooperativas, os compradores de grãos para rações, as tradings, a indústria de alimentos e os agentes de infraestrutura e logística (transportadores e armazenadores), além de bolsas, corretores e investidores.

Os números são indicativos de oferta e, portanto, de preços, o que é fundamental para decisões de comercialização da safra. Que direção pode um produtor tomar se não sabe qual o dado correto? Precisamos de estatísticas absolutamente confiáveis até para a formulação das políticas públicas internas indispensáveis para o atendimento das demandas nacionais e internacionais. Aliás, números corretos são também necessários para as discussões globais sobre segurança alimentar. Enquanto isso acontece no curto prazo, o setor de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, com técnicos de competência reconhecida, faz previsões para mais adiante.

Para a safra 2031/2032, por exemplo, a expectativa é de uma produção de 370,5 milhões de toneladas, um aumento de 36,6% sobre os números consolidados da safra do ano passado, ou 10 anos antes. O crescimento seria muito expressivo, de 2,7% ao ano, enquanto a área plantada deveria ser crescer 1,6% ao ano. Em outras palavras, o que vem sendo observado nas últimas duas décadas seguirá se repetindo: a incorporação de novas tecnologias trará mais aumento de produtividade por hectare do que mais hectares cultivados. Ou seja, continuaremos na direção da produção sustentável. Importante demais ter estatísticas igualmente sustentáveis…Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro.