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13/Jan/2023

Startup climática realiza remoção de carbono do ar

Uma das principais tecnologias de combate às mudanças climáticas ganhou força nesta quinta-feira (12/01), com a notícia de que uma startup extraiu dióxido de carbono do ar e armazenou no subsolo. A empresa obteve lucro com a iniciativa, o que deve criar um modelo de negócios viável, dando início a um novo setor. A Climeworks é líder na corrida para remoção de dióxido de carbono da atmosfera, usando o processo chamado captura direta do ar. Os clientes da empresa, incluindo a Microsoft, pagaram um prêmio significativo para comprar os créditos de carbono gerados pela Climeworks, o que lhes permite compensar emissões de forma efetiva. A Climeworks e outras empresas tentam há tempos mostrar que o uso de dispositivos para sugar o ar, filtrá-lo e enterrar o carbono no subsolo pode ajudar a mitigar os danos ambientais causados pelas atividades humanas. Esta é a primeira vez que uma empresa consegue fazer isso, de forma efetiva, em uma escala significativa usando um processo comprovado por terceiros. "Esperamos passar de adolescentes a adultos neste setor", disse Christoph Gebald, co-CEO da Climeworks.

Fundada em 2009, a Climeworks faz o papel das árvores ao retirar o dióxido de carbono da atmosfera. O processo promete armazenar o carbono na terra por milhares de anos. A empresa lucra ao remover carbono em nome de outras que, assim, podem afirmar que estão atingindo a neutralidade de carbono. A Microsoft, a empresa de comércio eletrônico Shopify e a empresa de pagamentos Stripe já pagaram ou se comprometeram a pagar centenas de dólares pelos créditos, que representam, cada, uma tonelada métrica de carbono removido. Outros créditos de carbono vinculados a projetos como manter as árvores em pé têm recebido críticas porque nem sempre reduzem as emissões na quantidade prometida. Os clientes pagam um prêmio, que pode chegar a 100 vezes o valor dos créditos básicos, pelos da Climeworks, devido à maior certeza de remoção do carbono da atmosfera. As empresas também estão dispostas a pagar mais para ajudar a alavancar o setor, esperando que os custos caiam em breve. É um importante ponto de inflexão no desenvolvimento da captura direta do ar.

Segundo a Shopify, não é ficção científica. É a realidade. A promessa da tecnologia levou empresas sólidas, como a Occidental Petroleum, a desenvolver estratégias próprias de captura direta do ar. A Climeworks é responsável por uma das únicas plantas de captura direta do ar em operação no mundo, na Islândia, capaz de remover cerca de 4 mil toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, aproximadamente o equivalente às emissões anuais de cerca de 800 carros. Outras remoções até então foram feitas usando métodos como enterrar material vegetal rico em carbono no subsolo. A Climeworks não quis informar a quantidade de carbono removida. Globalmente, as empresas se comprometeram a comprar créditos equivalentes a mais de 700 mil toneladas métricas de carbono removido pela Climeworks e outras, segundo a provedora de dados CDR.fyi. Cientistas estimam que bilhões de toneladas métricas precisam ser removidas anualmente até meados do século para evitar os piores efeitos do aquecimento global. Grandes empresas e investidores estão migrando para o setor.

A Occidental disse recentemente que, até 2035, pretende aumentar para 100 o número de instalações de captura direta do ar que opera, contra as 70 atuais, estimulada pelos créditos fiscais reforçados que fazem parte da legislação norte-americana para o clima, saúde e gastos conhecida como Lei de Redução da Inflação. Os créditos fiscais chegam hoje a US$ 180,00 por tonelada métrica removida. A Occidental opera com uma startup em sua primeira grande planta na Bacia Permiana do Texas. A Airbus se comprometeu comprar centenas de milhares de créditos de remoção vinculados ao projeto. A Climeworks captou cerca de US$ 650 milhões em ações via investidores incluindo o fundo soberano de Singapura GIC Pte. e a empresa de private equity Partners Group Holding no início do ano passado. Também captou via dívida com o fundo de inovação climática de US$ 1 bilhão da Microsoft. A empresa está construindo uma segunda instalação na Islândia que será capaz de remover cerca de 36 mil toneladas métricas por ano.

A empresa está de olho na expansão dos Estados Unidos com a distribuição, pelo governo, de cerca de US$ 3,5 bilhões por meio da lei de infraestrutura de 2021 para desenvolver quatro centros regionais de captura direta do ar. A União Europeia também adota medidas para estimular o crescimento do setor. O apoio fornecido pelos governos muda o jogo, segundo a Stripe. Críticos questionam o uso de enormes quantidades de energia e recursos para construir máquinas para combater as mudanças climáticas. A planta da Climeworks na Islândia funciona com energia geotérmica renovável, o que significa que as emissões associadas a ela são mínimas, e outra startup bombeia o carbono para o subsolo após dissolvê-lo em grandes quantidades de água. Executivos do setor afirmam que a captura direta do ar é uma das poucas soluções para a remoção de carbono em larga escala, capaz de mitigar as emissões inevitáveis, e que os custos cairão à medida que o setor amadurecer. Eles esperam um futuro em que as pessoas paguem pela remoção de carbono da mesma forma que pagam pela coleta de lixo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.