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09/Jan/2023

Margens de rentabilidade serão menores em 2023

Produtores rurais devem trabalhar em 2023 com margens menores, custo de produção ainda firme e preços mais baixos das commodities agrícolas, segundo projeção da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O cenário se deve à desaceleração econômica global e à perspectiva de recuperação da produção agropecuária. Há uma tendência climática favorável. A CNA estima queda dos preços da soja, com oferta e demanda mundial mais ajustadas, e aumento das cotações do trigo, em virtude dos problemas na produção global com a continuidade da guerra Rússia-Ucrânia. Para café, cana-de-açúcar e laranja, as projeções da entidade apontam para maior produção local e, também, eventual queda dos preços. A indústria de alimentos também conta com um cenário de commodities mais baratas e consequente alívio no custo de produção.

O movimento de descompressão sobre os preços internacionais das commodities agrícolas e da energia deve vir, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), da desaceleração da economia mundial. A expectativa da indústria é de queda nas cotações das principais commodities em 2023, especialmente soja, milho e carnes, em virtude da maior safra de grãos. Para café e açúcar, as expectativas da Abia também são positivas, o que aliviará a pressão de custos. Caso a atual projeção para a safra de grãos 2022/2023 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) se confirme, com expansão superior a 15% (mais de 300 milhões de toneladas de grãos), isso representará uma importante contribuição para a melhoria na disponibilidade de matérias-primas para a indústria de alimentos e, consequentemente, contribuirá para um alívio sobre os custos. Há preocupação, entretanto, com as cotações elevadas do trigo.

Apesar da maior disponibilidade interna, a quebra na safra argentina - maior fornecedor do Brasil - forçará o País a importar maior volume do cereal de outras origens a um custo maior (tarifas e de logística). O bom desempenho da safra brasileira, que superou 9,6 milhões de toneladas, melhora a disponibilidade interna no início deste ano, mas não resolve o problema, pois os estoques globais do cereal permanecerão reduzidos. Contudo, o impacto da possível redução dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional sobre o custo da indústria de alimentos dependerá da paridade do real ante o dólar. Ainda do lado da cautela, a Abia aponta que fatores de incertezas para a formação dos preços das commodities agrícolas permanecem elevados. Entre eles, a associação cita a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia, a possível flexibilização ou não das políticas de lockdown da China, as decisões de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a própria intensidade da alta dos juros pelos bancos centrais, entre outros.

A CNA projeta que a desaceleração das commodities não será tão expressiva em virtude do custo de produção ainda firme. Haverá queda, mas os preços não retornam ao patamar anterior à pandemia porque o custo de produção aumentou em maior proporção. A CNA estima uma queda em 2023 tanto no custo de produção quanto nos preços das commodities agrícolas, porém o custo vai cair menos do que a receita. O custo operacional da safra 2022/2023 subiu mais de 40%. O Brasil plantou a safra mais cara da história. Com a redução de preços, mas ainda acima do nível pré-pandemia, e manutenção das despesas, a rentabilidade do produtor rural deve ceder de 60% a 70% da safra 2021/2022 para entre 35% e 40% na temporada 2022/2023. Os custos mudaram de patamar, mas os preços não devolverão todos os ganhos. Será ano de acomodação das margens agrícolas, mas o cenário não é tão ruim porque insumos cederam parcialmente e, no momento, espera-se uma boa safra. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.