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09/Jan/2023

Commodities agrícolas: preços recuarão em 2023

A desaceleração da alta de preços das commodities agrícolas vista no terceiro trimestre de 2022 deve se estender por, pelo menos, até esse primeiro trimestre de 2023. O menor crescimento econômico global, o recuo esperado para as cotações internacionais das commodities agrícolas e a maior produção interna de grãos esperada na atual safra 2022/2023 devem descomprimir os preços dos principais produtos agrícolas no mercado doméstico. Consequentemente, pelo menos no campo teórico, o novo governo deve se beneficiar nos três primeiros meses do ano de um alívio na pressão dos alimentos sobre a inflação. De maneira geral, os preços das commodities devem ceder no próximo ano. A boa safra observada até o momento, com ciclo de chuvas dentro da normalidade em quase todo o País, deverá pressionar as cotações dos grãos, mas o patamar de preços ainda deve ser superior ao de 2021, antes da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Para a soja, a expectativa é boa não só no Brasil como na Argentina, Paraguai e Uruguai (com safras maiores). Lembrando que o preço está muito elevado tanto externamente quanto internamente. Para o milho, o cenário se repete, embora a produção mundial deva crescer em menor proporção e o recuo de preços serem inferiores ao da soja. O clima ao longo de janeiro determinará o tamanho da safra de grãos e a tendência de preços. A Região Sul do País enfrenta o terceiro La Niña consecutivo e o momento atual é crítico para definição da safra, apesar da conjuntura atual apontar para uma boa produção. Os espaços para quedas de preços de soja e milho é pequeno. Apesar dos problemas climáticos na Argentina e no Rio Grande do Sul, podemos ter boa safra pela concentração em Mato Grosso. Para as commodities softs, a previsão também é de preços mais baixos por causa do aumento esperado da produção de café e de cana-de-açúcar, após quebra na última temporada.

Em café, como o Brasil tem grande impacto no exterior e a safra tende a ser maior, espera-se um cenário mais ameno para preços. A provável recessão global e a maior safra podem deprimir os preços já arrefecidos do grão. Não deve haver queda acentuada da demanda. Porém, o primeiro trimestre de 2023 deverá ser de mercado apertado e estabilidade nas cotações. Já no mercado de cana-de-açúcar, a paridade do adoçante ante o etanol será determinante para os preços. Em suco de laranja, a oferta justa deve dar suporte aos preços para manterem-se no nível atual ou em leve alta, mesmo com a provável queda de consumo. Para o algodão, intrinsecamente ligado ao cenário macroeconômico e com demanda mais elástica que as commodities alimentícias, a estimativa é de recuo das cotações em balanço de oferta e demanda não tão apertado. Em carnes, a conjuntura de preços dependerá especialmente do consumo doméstico.

Há cenários distintos de preços firmes para frigoríficos exportadores e instáveis com tendência de queda para preços no mercado doméstico, com perspectiva de maior oferta interna. Para suínos, a demanda da carne suína por substituição da bovina pode limitar o espaço para o recuo dos preços. Já em frango, em virtude do ciclo curto de produção, eventuais quedas de cotações de soja e milho podem diminuir o preço, mas dependerá do tamanho do recuo. A projeção é de redução no preço do boi em relação à média de 2022, em meio ao ciclo de gado de maior oferta. Para suínos e frango, setores que ainda devem ter elevado custo com ração animal, a projeção é de estabilidade e queda, respectivamente, neste 1º trimestre de 2023, com o mercado doméstico e exportações sazonalmente mais fracas e não absorvendo toda a oferta. Uma das consequências da desaceleração do preço das commodities será a menor pressão dos produtos agrícolas sobre a inflação dos alimentos. O arrefecimento dos preços dos produtos agro pelo menos contribuirá para a desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com provável impacto sobre inflação em geral. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.