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09/Jan/2023

Agronegócio deverá abrir novos mercados em 2023

Mesmo após 236 mercados abertos nos últimos três anos, o agronegócio brasileiro aspira colocar seus produtos em mais mercados relevantes. A pauta inclui de carnes, passando por frutas, a lácteos. Há mais de 1,6 mil negociações, envolvendo produtos agropecuários em andamento. Cada tratativa significa a possibilidade de exportar um produto para um novo mercado. Nesta lista, consta a comercialização de limão para os Estados Unidos, boi vivo (em pé) para a Indonésia, uva e carne suína para Austrália, frutas para a Índia, mamão para vários países, lácteos e proteínas para o Reino Unido, lácteos e ovos para a União Europeia, frutas para a China e farinhas para o Sudeste Asiático. Neste momento, estamos negociando muitas aberturas para as frutas nacionais e carnes para o mercado asiático, como a aguardada abertura para Coreia do Sul. Há expectativa de conclusão ainda da abertura de carne suína para República Dominicana antes do fim do ano. O protocolo fitossanitário está sendo ajustado.

As mais relevantes do ano que estão sendo implementadas são a abertura do mercado mexicano para carne suína brasileira e do mercado chinês para milho, amendoim sem casca, farelo de soja, proteína de soja e polpa cítrica do Brasil. Os estabelecimentos foram habilitados e o fluxo comercial já liberado. No caso do México, terceiro maior importador do mundo, há expectativa por habilitação de novas plantas. Em alguns casos, a negociação, além da abertura, é voltada para autorização de novos estabelecimentos exportadores para mercado aberto para determinado produto. Esta é a situação das carnes para a China, com 54 frigoríficos brasileiros aguardando o aval chinês para a comercialização. Destaque de aberturas comerciais de 2022, com 12 das 50 efetivadas, o setor de genética animal busca efetivar as vendas para mercados conquistados. No caso da genética bovina, apesar das aberturas para Irã, Vietnã, Malásia, Suriname e China, as exportações ainda ­se concentram em seis países latino-americanos.

De acordo com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), está em andamento a negociação para comercialização de sêmen bovino para a Malásia e de embriões bovinos produzidos in vitro para o Peru. Em ambos os casos, os protocolos fitossanitários já foram acordados entre os países. Mesmo com os números expressivos no acumulado dos últimos três anos, os mercados abertos estão concentrados ainda em produtos de menor valor agregado, caso das commodities. Falta avançar muito em cadeias mais complexas, como a de carnes. Há muitos países que não compram produtos daqui porque o Brasil tem áreas livres de febre aftosa com e sem vacinação. Três avanços obtidos em 2022 em produtos de maior valor agregado foram a viabilização de vender farelo de soja para a China, lácteos e carne suína para o México, mas a efetivação das exportações dependerá da competitividade do produto nacional em concorrer com outras origens.

Entre os produtos com potencial para conquistar novos locais, há maior competitividade e capacidade de crescimento para vendas de carnes brasileiras, seguidas pelas de milho e etanol. As carnes são as mais desafiadoras e restritivas. O milho é mais protegido que a soja, mas o Brasil consolidando a abertura para a China pode representar um sinal de comércio para outros mercados grandes. Já o etanol ainda é bastante fechado. Além das carnes, lácteos, açúcar, suco de laranja, pescados, frutas, farelo de soja, óleo de soja, também são considerados mercados mais fechados. Geralmente, quando há certo nível de beneficiamento no produto exportado, a restrição aumenta porque passa a ter maior valor adicionado, assim como os de maior perecibilidade. Precisamos planejar como avançar neste momento em que o mundo precisa de mercados abertos e não fechados. Também precisamos pensar na diversificação dos produtos exportados para pescados, trigo, queijos, cachaça e diversificar o destino exportador.

Em relação a destinos, há um potencial crescente do mercado asiático, especialmente China, Sudeste Asiático, Japão e Coreia do Sul. Em quantidade de pessoas e de crescimento da classe média, o continente asiático deveria ser prioridade absoluta, considerando países que têm maior renda e crescimento populacional. A China é o país que mais deve crescer nos próximos 15 anos. Há espaços para entrada de commodities brasileiras e, também, de produtos de maior valor agregado, como frutas, farinhas, vinhos, sucos, polpas e espumantes. Outro continente com grande potencial é o africano, o qual, em termos de volume, também pode ser um dos alvos dos produtos brasileiros. Apesar do elevado potencial de exportação dos produtos agrícolas brasileiros, há ainda mercados excessivamente fechados. As maiores restrições são vistas sobretudo a proteínas e lácteos. Em proteínas, às vezes, países não reconhecem o status sanitário ou apresentam dificuldades de várias ordens como exportação de carne suína para Peru ou carne bovina para Japão e Coreia do Sul.

Alguns mercados são mais fechados que outros, caso da Coreia do Sul, com a qual negociamos há bastante tempo para abrir para alguns produtos, e o Reino Unido que manteve o rigor da UE mesmo após a saída do bloco. A elevada competitividade do Brasil também é vista como impasse para alguns países. O Brasil é extremamente competitivo nas quatro proteínas: bovina, suína, frango e pescados. Quando você é competitivo, você incomoda mais o produto local e a tendência é que o mercado nacional se feche para o produto brasileiro. Sobre as carnes, há o reconhecimento do status sanitário, já concedido ao País pelos órgãos internacionais, como um dos principais objetivos a serem superados pelo Brasil para obtenção de novas aberturas. Outro desafio é a autorização de frigoríficos pelo aval do governo brasileiro, sem necessidade de habilitação um a um. Abrir mercados para farinha animal com flexibilização das habilitações também é um objetivo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.