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19/Dez/2022

Mercado de Carbono: investidor paga pela qualidade

Os compradores adquiriram créditos de carbono este ano no mesmo ritmo recorde de 2021, mas colocaram preços mais altos em projetos que foram vistos como mais eficazes na redução das emissões de gases de efeito estufa, um sinal de maturidade crescente neste mercado emergente. Segundo o Emstream and Emsurge, um mercado atacadista de commodities e créditos de carbono, o aumento do escrutínio por órgãos reguladores, analistas e governos desacelerou anos de crescimento no mercado. Quase 172 milhões de créditos foram comprados e retirados pelos compradores finais este ano até 9 de dezembro, quase a mesma quantidade vendida a eles durante o mesmo período do ano passado, de acordo com uma análise do Wall Street Journal sobre os dados do mercado de carbono. Os volumes negociados em bolsa se mantiveram estáveis em 108 milhões de créditos até novembro, em comparação com 112 milhões no mesmo período do ano passado, segundo dados da Xpansiv, uma bolsa de compensações de carbono.

O preço dos créditos subiu para US$ 7,50 na média ponderada este ano, ante US$ 6,10 no ano passado, de acordo com a empresa de análise de dados do mercado de carbono Trove Research, embora eles nunca tenham se recuperado totalmente depois de despencar das máximas atingidas no início deste ano. Os preços dos créditos de carbono caíram junto com os mercados depois que os traders descartaram os créditos em março, quando o aumento da inflação e os preços da energia reduziram seus lucros. No ano passado, era muito fácil dizer que compraria créditos hoje porque na semana que vem eles subiriam de preço. O mercado este ano tem estado muito estagnado. Muitas pessoas não querem vender por menos do que pagaram e estão satisfeitas assim. O mercado foi avaliado em US$ 2 bilhões no ano passado, acima dos US$ 520 milhões em 2020, de acordo com a provedora de dados do mercado de carbono Ecosystem Marketplace. Cada crédito equivale a 1 tonelada de dióxido de carbono que deixou de ser lançado na atmosfera.

Os créditos podem mudar de mãos várias vezes antes de serem retirados, o que significa que eles saem de circulação e são contabilizados nas emissões das empresas. Houve críticas crescentes neste ano aos créditos que não reduzem as emissões de carbono, tendo em vista a ineficácia dos projetos que eles financiam. Os compradores desses créditos foram criticados por se declararem neutros em carbono, apesar de emitirem grandes quantidades de gases de efeito estufa. As preocupações com os padrões têm perseguido o mercado não regulamentado, levando os órgãos reguladores e legisladores dos Estados Unidos a analisarem a questão mais de perto. A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) propôs novas divulgações em março com o objetivo de tornar o mercado mais transparente e, em outubro, um grupo de sete senadores dos Estados Unidos instou a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities do país a desenvolver padrões de qualificação para compensações de carbono que reduzam efetivamente as emissões de gases de efeito estufa. Iniciativas privadas de crédito climático emitiram diretrizes provisórias que definiram os requisitos para créditos de alta qualidade.

Outras iniciativas definiram como os compradores de créditos poderiam descrever seu impacto. Um grupo inicial de empresas de classificação está começando a avaliar a precisão das alegações feitas por projetos que produzem créditos. Os governos dos países que sediam alguns dos maiores projetos interromperam a produção de crédito no início deste ano, sacudindo os mercados enquanto traders e investidores avaliavam como os estoques poderiam ser afetados. Segundo a Climate Impact Partners, empresa de consultoria e financiamento de carbono, há uma tempestade perfeita de atividades. Em última análise, se essas iniciativas forem bem-sucedidas, elas ajudarão a gerar escala e confiança no mercado. Mas, há o risco de atrasar a ação e o financiamento devido a todas essas questões que estão entrando no mercado e criando paralisia. Os desenvolvimentos deste ano fizeram com que alguns clientes da Climate Impact Partners ajustassem sua abordagem de compensação para se concentrar em créditos criados por projetos que protegem e restauram florestas, além de créditos produzidos nos últimos anos.

A tendência se reflete nas negociações nas bolsas, segundo dados da Xpansiv. Os preços médios dos projetos florestais e de uso da terra negociados nas bolsas saltaram 55%, para quase US$ 9,00 mostram os dados da Xpansiv. Os volumes de negociação de créditos criados desde 2020 aumentaram, enquanto diminuíram para a maioria dos créditos mais antigos, que geralmente são considerados menos rigorosos. Os contratos de créditos de carbono com base na natureza, que incluem projetos de prevenção do desmatamento e reflorestamento de áreas degradadas, continuam cobrando prêmios. À medida que as regras sobre a produção de créditos de carbono se tornam mais claras, a Xpansiv estima que o mercado se torne mais diversificado e o comércio aumente conforme mais projetos são lançados no futuro próximo, afirmou a XSignals, provedora de dados de mercado ambiental da Xpansiv. As perspectivas futuras para negociação serão de altas, pois esse volume entrará. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.