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16/Dez/2022

Importados ganham espaço no consumo brasileiro

Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apesar da desvalorização do Real no período, que poderia ser um obstáculo à compra de produtos de fora do País, as importações ganharam espaço no consumo nacional durante a pandemia. A participação dos importados entre os produtos consumidos no Brasil, que estava em 23,4% antes da crise sanitária, subiu para 24,8% após dois anos de pandemia. O percentual, referente a 2021, representa o ponto mais alto de toda a série histórica do estudo, que começa em 2003, ou seja, 19 anos. As importações de vacinas contra a Covid-19 puxaram, mas não são a única explicação desse crescimento. A penetração dos importados no consumo apresenta avanço nos dois primeiros anos da pandemia mesmo quando se extrai da conta dois segmentos que tiveram, para cima ou para baixo, variações atípicas nas importações: produtos farmacêuticos e equipamentos de transportes, estes afetados pela menor mobilidade.

Neste caso, o coeficiente de importação, que mede a participação dos bens importados no consumo aparente do País, subiu de 21,9% para 23,3%. O levantamento revela uma continuidade do movimento, anterior à pandemia, de desindustrialização e substituição de produtos nacionais por importados. Duas décadas atrás, as importações representavam apenas 13,4% do consumo total, ao passo que hoje elas já são praticamente um quarto. Embora o câmbio tenha tornado mais caro trazer produtos do exterior, o estudo expõe a dificuldade das empresas brasileiras de competir com a concorrência internacional em seu próprio território. Isso acontece não só porque o País ainda não conseguiu resolver entraves estruturais à competitividade, como a complexidade e carga pesada de tributos, além das deficiências de infraestrutura, mas também porque o dólar mais caro representa para muitas empresas um custo que nem sempre é compensado por ganhos cambiais nas exportações.

Se não há uma indústria competitiva, só a desvalorização cambial não adianta. Grandes multinacionais preferiram atender o mercado doméstico com importações, ao invés de manter uma produção local, enfrentando custos elevados e infraestrutura ruim. Elas concluíram que é melhor importar porque não conseguiam ser competitivas produzindo localmente. É um acúmulo de problemas que leva ao processo de desindustrialização. Das 23 grandes categorias de produtos industrializados monitoradas pela CNI, metade (12 grupos) mostrou avanço dos importados no consumo das empresas e consumidores do Brasil durante os últimos dois anos. Além dos produtos farmacêuticos, onde houve um salto por conta das importações de vacinas, estão nessa lista itens como têxteis, caso dos vestuários, bebidas e produtos alimentícios. As importações também ganharam espaço nas compras de equipamentos elétricos e aparelhos eletrônicos, segmentos onde houve redução do imposto de importação no ano passado. O levantamento mostra ainda que o coeficiente das exportações, que mede a parcela da produção destinada a mercados internacionais, voltou ao padrão de anos anteriores à pandemia.

Em 2021, após a queda dos embarques em 2020, a indústria de transformação exportou 18,6% do que produziu, um percentual próximo aos registrados em 2018 e 2019: 18,9% e 18,5%, respectivamente. Segue, no entanto, ainda abaixo da média histórica, em torno de 20%, do coeficiente de exportação industrial. Só na indústria de alimentos, que encabeça a lista, a parcela da produção exportada subiu nos últimos dois anos de 23,3% para 28,3%. O desempenho é atribuído ao aumento da demanda, principalmente, na Ásia e por se tratar de produtos essenciais, menos afetados, assim, pelo impacto da pandemia no consumo. Em alguns setores, como em móveis, onde as exportações subiram de 8,7% para 13,2% do total produzido, o maior volume de embarques ao exterior nos últimos dois anos se deve à busca de mercados internacionais para compensar a retração da demanda doméstica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.