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09/Dez/2022

Brasil precisa voltar ao debate global sobre o clima

Investidores e especialistas do agronegócio esperam que o Brasil combata o desmatamento ilegal na Amazônia e retorne às mesas internacionais de negociação sobre questões climáticas. As lideranças avaliam que a inação do governo para deter o desmatamento colaborou para que a União Europeia aprovasse lei que barra a importação de commodities associadas à devastação ambiental. Segundo o Insper Agro Global, o Brasil tem sido vilanizado na área ambiental, mas tem a ver com o descontrole da ilegalidade essencialmente. Isso pode ser reduzido, pode ser feito com esforço coordenado. Deve ser a principal marca do novo governo. Segundo a GK Ventures, o que se escuta fora do País é que não se consegue resolver a questão climática sem o Brasil, mas o Brasil não está presente na discussão como lhe é de direito. O País precisa começar a ocupar o debate. Segundo a Cargill, a ausência do poder público no debate e em ações de combate ao desmatamento também vem aumentando a pressão da comunidade internacional sobre o setor privado.

Os acordos que estão sendo feitos para evitar o desmatamento é por vácuo ou ausência do poder público coibindo a ilegalidade. Isso faz com que os mercados se voltem para o setor privado para que façam o papel de governo. O que é muito ruim. Na COP-27, diversas gigantes do agronegócio assinaram um acordo com novos compromissos para acabar com o desmatamento. O receio da Cargill é que a deterioração da devastação na Amazônia acabe levando a bloqueios não só aos produtos do bioma, mas também do Cerrado. Se o Brasil não resolver a questão da proteção na Amazônia, terá uma contaminação muito grande do debate contra desmatamento do Cerrado. A lei europeia contra desmatamento nas cadeias agropecuárias não abrangeu, por enquanto, biomas de savana, como o Cerrado, mas ainda pode haver alterações no próximo ano. Seria um problema, principalmente porque é onde há mais originação secundária.

Será um “desafio gigante” rastrear os produtos originados através de intermediários, como cooperativas e cerealistas, prática que é muito comum por causa do menor custo de originação. Apenas setorialmente vai ser possível atender esses requisitos. Já uma redução do desmatamento pode fazer o Brasil diminuir suas emissões de gases-estufa facilmente e aproximar-se do patamar “carbono neutro”. Se ainda houver melhoras na parte do solo, da agropecuária, principalmente alguns avanços marginais da pecuária, o Brasil vai ser o primeiro país carbono neutro do mundo. Para o Insper, assim que o Brasil voltar às discussões globais sobre clima, o País também poderá pautar as oportunidades para o agronegócio, como o potencial de biocombustíveis e de práticas de redução de emissões na agropecuária. Os produtores precisam de incentivos reais que separem os produtores que fazem agricultura sustentável dos que não fazem. Esse processo pode levar a uma “descomoditização” dos produtos agropecuários. Se isso acontecer, haverá muito mais oportunidades do que ameaças ao Brasil. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.