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09/Dez/2022

Manutenção da Selic com elevada incerteza fiscal

Com a possível autorização pelo Congresso para que o governo eleito libere bilhões em gastos extras em 2023 por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve, na quarta-feira (07/12), em decisão unânime, a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela terceira reunião consecutiva. Mesmo com a estabilidade, a taxa está no maior patamar em cerca de seis anos, depois do mais longo ciclo de alta de juros da história do Copom, iniciado em março de 2021. O comitê alerta para os riscos fiscais e cita a elevada incerteza sobre um novo arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos (regra que limita as despesas do governo à variação da inflação).

Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; a elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do País e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada. A decisão ocorreu em meio à tramitação no Senado da PEC, que prevê uma "licença" para a expansão de despesas para acomodar promessas eleitorais, como o Auxílio Brasil de R$ 600,00. Os gastos liberados pela PEC devem atuar em sentido contrário ao esforço do Copom para esfriar a economia. No encontro de outubro, o comitê já havia ressaltado que não hesitaria em voltar a elevar a Selic se a perda de fôlego da inflação não ocorresse como o planejado. Mas, apesar de todos os riscos, o Copom decidiu manter a Selic em 13,75% e não alterou em nada a sinalização sobre os próximos passos da política monetária.

Repetiu que vai se manter vigilante para avaliar se a estratégia de manutenção da Selic por período suficientemente prolongado vai garantir a convergência da inflação para as metas. A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal, requer serenidade na avaliação dos riscos. O comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva. Para a XP Investimentos, é muito cedo para o Copom fazer qualquer mudança na condução da política monetária. A posição é de 'esperar para ver', inclusive em relação ao arcabouço fiscal. Para a Ativa Investimentos, o colegiado foi bastante cauteloso. No mercado de juros futuros, os investidores já trabalham com uma alta da Selic para contrabalançar os efeitos dessa injeção de recursos na economia prometida pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No Boletim Focus, porém, a maioria ainda vê como mais provável apenas o adiamento dos cortes da Selic. Outro alerta relevante feito pelo Banco Central no último Copom do ano foi sobre o cenário internacional. A entidade monetária reforçou que vê "ventos contrários" vindos do exterior para os países emergentes, como o Brasil, em razão do baixo crescimento esperado para 2023, aos desafios fiscais globais e ao aperto monetário em economias avançadas diante de uma inflação persistente. O comitê enfatiza que os passos futuros da política mone tária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado. As incertezas fiscais em relação ao Orçamento de 2023 e as questões de tributação das empresas devem ser alguns dos principais pontos de atenção para o empresariado em 2023. Muitos segmentos estão preocupados com questões de juros, inflação e a falta de clareza com as reformas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.