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07/Dez/2022

Aperto monetário global deverá persistir até 2024

Além de enfrentar os próprios desafios, o Brasil e dezenas de outros países continuarão expostos por longo tempo às consequências do aperto monetário adotado contra a inflação nos Estados Unidos e na União Europeia. Juros altos são o remédio mais empregado, no mundo capitalista, para conter a demanda, esfriar os negócios e frear a alta de preços. Aplicada em grandes economias, essa terapia acaba afetando os fluxos de capitais e o comércio internacional. O aperto ainda poderá aumentar, estender-se por 2023 e talvez chegar a 2024. Juros elevados no exterior dificultarão o afrouxamento no Brasil, onde o Banco Central (BC) já confronta pressões inflacionárias persistentes, em um ambiente de incertezas sobre a evolução das contas federais e da dívida pública.

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) talvez deva adotar uma política mais agressiva no próximo ano para derrubar mais prontamente a inflação. Mesmo com a desaceleração dos preços nos Estados Unidos, a inflação ainda poderá ficar em 2023 na faixa de 3% a 3,5%, bem acima, portanto, da meta de 2%. Diante desse risco, um aperto maior poderá ser necessário. Isso reforça a hipótese de um aumento de 0,5% na taxa básica, na próxima reunião do comitê de política monetária, prevista para dezembro. No início de novembro, uma alta de 0,75% levou os juros básicos ao intervalo de 3,75% e 4%. Foi o quarto aumento consecutivo.

A alta de preços tem sido menos vigorosa, nos últimos dois meses, mas a convergência para a meta ainda é incerta. Espalhada por dezenas de países, a inflação tem sido impulsionada por choques de oferta associados, em grande parte, a desarranjos ocasionados pela pandemia, à política de Covid zero aplicada na China e às consequências comerciais da invasão da Ucrânia por tropas da Rússia. Normalmente usadas para conter pressões inflacionárias alimentadas pela demanda, as políticas de aperto monetário têm-se revelado menos eficientes nos últimos tempos.

As dificuldades têm sido atribuídas em parte a falhas das cadeias de oferta e às limitações da oferta de produtos básicos em momentos de tensão. De toda forma, políticas de restrição monetária são as principais ferramentas para a contenção da alta de preços e continuarão sendo usadas. Também na Europa o aperto poderá aumentar. O Banco Central Europeu reafirmou nesta semana o compromisso de levar a inflação à meta (2%) e indicou novas altas de juros. Os efeitos colaterais obviamente serão sentidos em outros países, como no caso dos juros norte-americanos. No Brasil, preparar-se para essa pressão deve ser uma das tarefas da equipe do futuro governo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.