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06/Dez/2022

Melhoria na avaliação de riscos associados à CPR

Para atender mais uma demanda das instituições financeiras e bancos que atuam no crédito ao produtor rural, a Central de Recebíveis S.A. (Cerc) incorporou uma nova versão de melhorias no serviço de avaliação dos títulos de Cédulas de Produto Rural (CPR). Com isso, a registradora especializada em recebíveis passa a oferecer uma avaliação de risco associado ao ativo, sendo a única empresa do Brasil a oferecer esse serviço de avaliação. O novo serviço consiste no acompanhamento e avaliação dos preços e das quantidades a serem colhidas pelo tomador rural de crédito e dar indicações diárias do valor das garantias dadas ao agente financeiro. Isso traz mais segurança na oferta de crédito para quem está financiando e mais transparência e informação sobre os credores para o mercado. O novo instrumento incorpora inclusive informações sobre clima já que intempéries climáticas podem causar impacto na produção agrícola e, por consequência, as garantias dadas pelo produtor ao agente financiador.

Em suma, a ideia por trás de todo esse processo é reduzir a assimetria da informação, uma vez que hoje em dia o tomador de crédito pode passar ao doador informações que ele, nem sempre, tem condições de confirmar. Além disso, tem a variação normal dos preços das commodities. Se um produtor oferece em garantia ao fornecedor em sacas de produto da sua futura colheita para cobrir um valor de R$ 500 mil, por exemplo, recebido em insumos, e o preço da commodity cai a R$ 400 mil, o fornecedor passa a conviver com o risco de insuficiência de garantia. Então, foi criada uma ferramenta que captura dados de preços de commodity com fontes oficiais e valoriza todos os dias esses recebíveis do agronegócio. Como eles estão precificados de acordo com o preço do produto, quantidade e não valor financeiro, é feita a conta de quantidade vezes o preço do dia, atualizando diariamente os participantes sobre qual o valor de garantia que eles têm. Com isso, eles podem identificar se estão com algum problema de crédito com algum cliente ou não.

A Cerc foi fundada em 2015 com o conceito de tentar fazer com que os recebíveis pudessem ser negociados com a mesma eficiência e segurança que se negocia, por exemplo, ações e outros instrumentos financeiros mais sofisticados. A visão e ambição da empresa era a de dar ao principal ativo das pequenas e médias empresas, que são as contas a receber, o mesmo status que é dado às empresas de grande porte, que conseguem emitir debêntures, captar dívida no exterior e emitir ações. Havia um mercado de capital sofisticado para resolver a necessidade de capital de empresas de grande porte, que conseguem emitir debêntures, de captar dívida no exterior e emitir ações, por que não dar este mesmo status às pequenas e médias? A ideia era conferir aos recebíveis, na sua maior parte de cartões de crédito, status parecido com o que tem os papéis do setor imobiliários e ações, por exemplo, e que pudessem ser usados como garantias, transferidos com uma tecnologia e uma regulação que dessem aos agentes financeiros o conforto que eles têm quando operam com papéis mais tradicionais.

Em meio a estas conversas, já em 2019, a Cerc passou a ter interações com o Ministério da Agricultura, que entendia que no setor agropecuário existiam os mesmos problemas que havia no financeiro. Isso porque o número de CPRs de gavetas era muito grande e oferecia riscos para o crédito no setor já que ninguém sabia o tamanho deste nicho de negócios, que não contava com as auditoria e regulação do Banco Central (BC). A questão é que, ainda que haja bancos fazendo crédito rural, um grande pedaço do financiamento do produtor vem do segmento da produção. A revenda dá prazo para o produtor pagar, tem as tradings, têm as cooperativas de produção, ou seja, um ecossistema que não está subordinado ao Banco Central e que gera muito crédito a um produtor rural que compromete muito da safra, da capacidade produtiva dele com essas entidades da produção. Ocorre que ninguém sabe o tamanho desse negócio, se o produtor rural já utilizou a safra dele mais de uma vez porque a negociação era no papel e ficava na gaveta da revenda.

Então, o Ministério da Agricultura, com apoio da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) e um processo de tramitação de uma MP em 2019, que acabou sendo convertida em lei, resolveu criar um conceito que os títulos e os recebíveis do agronegócio também fossem de registro obrigatório em registradoras autorizadas pelo Banco Central. Então a ideia era de que tudo o que estava engavetado e que dependia de papel pudesse ser desmaterializado, pudesse ser digital e existir em sistemas autorizados pelo Banco Central, o que eliminaria também a questão da assimetria da informação. Hoje, há duas entidades no Brasil fazendo esse processo: CERC e B3. São concorrentes na oferta desse sistema de registro para todo o mundo financeiro e a produção que precisam fazer operações com produtor. O mercado cresceu muito em recebíveis do agronegócio. Dados do Ministério da Agricultura consolidando os dados da Cerc e da B3 mostram que as duas têm mais de R$ 200 bilhões só com CPR, vindos de R$ 17 bilhões há três anos. A projeção do Ministério da Agricultura aponta para uma expansão desse valor para R$ 1 trilhão nos próximos cinco anos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.