ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

25/Nov/2022

Grãos: problemas logísticos limitam comercialização

Mesmo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tendo desbloqueado a rodovia BR-163 no seu trecho entre Mato Grosso e Santarém (PA) no fim da tarde de terça-feira (22/11), produtores de grãos e tradings seguem receosos de fazer negócios e embarcar a safra para os Portos do Arco Norte, entre o Pará e o Maranhão. A BR-163 é a principal rota de escoamento da safra de grãos de Mato Grosso em direção ao Norte do País, nos portos do Pará e do Maranhão. Assim, a comercialização no mercado disponível, principalmente de milho, fica lenta.

Interdições de rodovias como as que vinham sendo feitas por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), inconformados com a derrota do presidente para Luiz Inácio Lula da Silva, sempre adicionam transtornos a uma região que já tem seus problemas rotineiros de logística. Algumas companhias que lidam com o embarque de grãos na região enfrentaram problemas pontuais decorrentes das interdições, mas foi o campo que mais sofreu. Isso porque produtores com menor capacidade de armazenamento no Centro-Oeste tiveram que embarcar a safra de soja e milho 2021/2022 e, ao mesmo tempo, comprar com antecedência os insumos para o plantio da 2ª safra de milho de 2023, como fertilizantes e agroquímicos.

Com os bloqueios nas rodovias, o grão teve dificuldade para sair do campo e os insumos, dificuldade de entrar. Os bloqueios só não prejudicaram mais os agricultores porque boa parte da safra de soja já foi vendida e embarcada. No caso do milho, porém, ainda há forte demanda exportadora e milho armazenado. Até mesmo em Mato Grosso do Sul, onde não houve registros de bloqueios de estradas nos últimos dias, a insegurança em relação a eventuais dificuldades para o milho chegar ao seu destino tem travado a negociação. A expectativa, porém, é de que logo comece a normalizar. Há muito cereal para ser entregue entre novembro e dezembro. Os negócios têm que girar. As criações de animais precisam de alimentação.

Se os animais começassem a morrer de fome porque o milho ficou parado na estrada, a situação iria se complicar. Além do mercado do próprio Estado, as Regiões Sul e Sudeste consomem o grão produzido em Mato Grosso do Sul. Em Dourados, principal município produtor de grãos em Mato Grosso do Sul, armazéns e cooperativas têm segurado a safra nos silos, impedindo o embarque, e, consequentemente, travado a negociação, por causa de insegurança quanto à logística. O milho do Estado nem vai para o Arco Norte, mas sim para o Porto de Paranaguá (PR) ou para o mercado interno nas Regiões Sul/Sudeste. Mesmo assim, muitos agentes estão inseguros e preferem não negociar.

O setor está receoso em colocar a produção na estrada. Mas, boa parte dos produtores está retendo o milho nos armazéns à espera de preços mais altos. O problema que as interdições de estradas provocaram é perfeitamente recuperável. Os bloqueios prejudicaram fortemente aqueles que tinham cargas vivas, leite e ração para receber. Os produtores perceberam que apoiar as manifestações que bloqueiam estradas resultava em prejuízos para eles mesmos. E perdas para um setor que já convive com a imprevisibilidade do clima, sobe e desce de preços, impostos e taxas para pagar são o que o produtor menos busca. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.