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25/Nov/2022

Startups: soluções para combater a fome no Brasil

Mulheres empreendedoras do agronegócio estão transformando as etapas de produção dos alimentos do campo à mesa. Desde a implementação de hortas hidropônicas até o uso de tecnologia para conectar pequenos produtores aos supermercados, startups atuam no combate à fome, ao desperdício de comida e à má distribuição de alimentos no Brasil. Hoje, cerca de 33 milhões de pessoas não têm o que comer no Brasil, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan). Nas Regiões Norte e Nordeste, quatro em cada dez famílias relataram redução parcial ou severa no consumo de alimentos. É a questão do propósito que se opera: atenuar problemas reais de formas reais, diz uma das fundadoras da Amitis, criada em julho de 2021. A jovem de 25 anos, estudante de administração da Universidade Federal de Alagoas, viu em um projeto universitário o potencial para combater a má distribuição de alimentos. O negócio busca implementar hortas hidropônicas em meios urbanos e desenvolver redes de microagricultores para democratizar o acesso a alimentos saudáveis e contribuir para a geração de renda.

A empresa quer formar o primeiro centro de distribuição com a instalação de cinco hortas em Alagoas e uma outra que já está em funcionamento. A Amitis trabalha com dois modelos de horta: um para produção maior, a Amitis Farm, com custo de R$ 4.975,00; e a Amitis Home, uma horta menor para produção de temperos dentro de casa, que custa R$ 218,00. Para baratear a implementação do modelo de cultivo, uma unidade da horta hidropônica reutiliza 448 unidades de garrafas PET e economiza até 1.344 litros de água por mês. Com o slogan "plantamos sementes, colhemos sonhos", a cada quatro hortas vendidas, uma completa é doada pela Amitis para uma pessoa em situação de vulnerabilidade social. Para o próximo ano, a empresa já conta com a expansão dos serviços para o Paraná. É a dinamização da economia local com a geração de renda para o pequeno produtor e a oferta de alimentos saudáveis para a população urbana, destaca a Embrapa Alimentos e Territórios. Esses negócios de empreendedorismo de impacto social cresceram muito durante a pandemia para conectar melhor os elos da cadeia produtiva.

É preciso implementar políticas públicas multissetoriais com participação da sociedade civil para combater o problema da insegurança alimentar. Políticas públicas devem ser de Estado, ou seja, permanentes e passadas de um governo para o outro. Percebe-se que não há uma boa integração entre os diferentes níveis de governo do Brasil (federal, estadual e municipal). Isso diz respeito à governança do sistema alimentar e afeta a capacidade do Brasil de enfrentar a insegurança alimentar. Em 2019, foi fundada a Muda Meu Mundo, uma plataforma que conecta produtores e agricultores familiares a redes de supermercados e atua em 90 cidades. O que resolve o problema do produtor é a constância do processo de comercialização. E os números comprovam. Só em 2020, a empresa do Ceará cresceu 450%, se comparado ao ano de 2019 (durante a pandemia os pequenos produtores perderam os principais pontos de comercialização). Eles não podiam sair para fazer feira, não tinham mais os programas de compra pública que levam os alimentos para escolas e hospitais públicos, ficaram sem nenhuma alternativa para escoar a produção.

Nos últimos anos, o Alimenta Brasil, antigo PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), a principal política pública que incentiva a agricultura familiar no País, teve o orçamento reduzido. Para 2023, está previsto um corte de 97% de investimentos de acordo com o orçamento. A empresa busca olhar para todas as dores do pequeno agricultor. E a fome é outra delas. Segundo a Rede Penssan, cerca de 38% dos lares de agricultores familiares e pequenos produtores rurais convivem diariamente com as formas mais severas de insegurança alimentar. Em busca de mudar esse panorama, com uma equipe de 21 pessoas, divididas em duas áreas (operação e tecnologia), a Muda Meu Mundo desenvolve uma conexão rápida entre o pequeno produtor e grandes redes de supermercados. A empresa encontra o ‘match’ perfeito entre o que o produtor tem disponível, a precificação, a qualidade e a localização dele e o que o supermercado precisa com qualidade e precificação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.