ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

23/Nov/2022

Dólar sobe com indefinição sobre política econômica

Após dois dias seguidos de queda, em que esboçou romper o piso de R$ 5,30, o dólar subiu mais de 1% na sessão desta terça-feira (22/11) e voltou a fechar na linha de R$ 5,37, na contramão do sinal predominante de baixa da moeda norte-americana no exterior. Operadores ressaltam que o Real adquiriu dinâmica própria nos últimos dias, operando descolado de seus pares, em razão das incertezas que cercam a política econômica no futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já absorvida a possibilidade de desidratação da PEC da Transição, investidores retomaram posições defensivas à espera da reconfiguração e formalização do texto final, com alteração tanto do prazo quanto do volume de gastos fora da regra do teto. Rumores de que o ex-ministro da Educação seria nome forte no páreo para o comando do Ministério da Economia contribuíram para a postura cautelosa dos agentes.

Segundo a Ativa Investimentos, os dois principais 'drivers' do mercado são a PEC da Transição e a escolha do futuro ministro da Fazenda, que tem mais relevância porque vai indicar a diretriz que vai pautar a condução da economia. O PT aparentemente adota a tática de soltar "balões de ensaio" sobre possíveis nomes para a Fazenda com o objetivo de testar a reação do mercado. Cada hora surge uma ideia diferente, o que traz muita volatilidade para os ativos. A mensagem é muito difusa. O dólar até ensaiou dar sequência ao movimento de baixa na primeira hora de negócios, quando chegou a furar o piso de R$ 5,30 e registrou mínima a R$ 5,28 (-0,43%). Mas, a moeda trocou de sinal logo em seguida e passou o restante do dia em terreno positivo, operando no intervalo entre R$ 5,35 e R$ 5,36. Na meia hora final do pregão, o dólar acelerou e renovou sucessivas máximas, flertando com o patamar de R$ 5,40, ao correr até R$ 5,39 (+1,67%). No fim da sessão, a moeda era cotada a R$ 5,37, em alta de 1,30%, passando a acumular valorização de 4,14% em novembro.

As máximas do dólar coincidiram com a informação de que Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, enviou relatório ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que aponta supostas inconsistências no resultado da eleição presidencial e pede invalidação de votos de urnas fabricadas até 2020. Embora as chances de que a contestação do PL surta efeitos, não há dúvidas de que aumenta o ruído político e mostra disposição do presidente Bolsonaro em tumultuar o processo de transição. Nos minutos finais da sessão, investidores também digeriram declarações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a tramitação da PEC da Transição. Segundo Pacheco, há pontos controvertidos na proposta, como valor, prazo e a própria âncora fiscal. A retirada permanente do Bolsa Família da regra do teto, um dos pontos mais indigestos para o mercado, não encontra ressonância no Congresso, disse Pacheco.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sinalizou que é mais fácil aprovar a PEC se o prazo para o Bolsa Família ficar fora do teto for de apenas um ano, o que representa uma limitação do 'waiver' ambicionado pelo governo eleito. Vice-presidente do PT, o deputado José Guimarães (CE) afirmou que o partido está bem articulado com Lira (PP-AL) para votar a PEC da Transição. Para a Ativa, um 'waiver' de quatro anos ou por prazo indefinido cobraria um preço alto do ponto de vista dos ativos domésticos, levando uma pressão altista ao dólar em relação aos níveis atuais. Se a PEC vier no pior cenário, a política fiscal fica insustentável. Quando se tira integralmente o Auxílio Brasil do teto se diminui muito a potência de controle de gastos. O Orçamento de 2023 já reserva cerca de R$ 100 bilhões para o programa social (recursos que, em caso de aprovação da PEC da Trasição, vão ser carreados para outras despesas). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.