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21/Nov/2022

Mercado de Carbono: oportunidades para o Brasil

Executivos e empresários decolam da 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-27) com prospecções comerciais firmes e memorandos de entendimento para novos projetos. O relato animado partiu de brasileiros que atuam em um nicho em que o Brasil é o ator com maior potencial: o de crédito de carbono gerado a partir de soluções baseadas na natureza, ou NBS. Segundo a re.green, a COP tem uma dualidade: tem o lado de fazer negócios mesmo, afinal é um ponto de encontro de 30 mil pessoas. E tem o lado das negociações oficiais dos governos e dos países. O tema “quente” dessa COP é o crédito de carbono via NBS. Segundo o Instituto Clima e Sociedade (iCS), os recursos que estão entrando nesse mercado estão vindo do setor privado, não do setor público. O Brasil é um retrato desse alvoroço do setor privado em torno das NBSs, que devem movimentar mais de US$ 2 bilhões em 2030 no País, segundo estudo da McKinsey. Novas empresas foram criadas neste ano e aquelas que já existiam receberam aportes ou foram compradas do ano passado para cá.

O motivo é a competitividade do Brasil, além do tamanho da demanda dos grandes emissores de gases de efeito estufa, como ficou claro na conferência ontem do setor de aço, no México, e de nomes famosos de setores diversos, como a varejista Amazon e a petroleira Shell. Quem entrou nesse mercado bilionário neste ano foi o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, fundador da gestora Gávea. Ele embarcou no projeto da re.green, uma empresa que tem como objetivo restaurar Mata Atlântica e Floresta Amazônica e gerar créditos a partir da captura de 15 milhões de toneladas de carbono por ano. A expectativa é chegar a um faturamento em torno de R$ 1,5 bilhão em 2025 só com crédito de carbono, sem contar a receita que será gerada com a venda de produtos florestais, como madeira certificada. A COP-27 foi palco do anúncio da criação de outra empresa brasileira no ramo do NBS. Os bancos Santander, Rabobank, Itaú Unibanco e as exportadoras Marfrig, Suzano e Vale anunciaram a criação da empresa Biomas que vai atuar em restauração florestal, assim como a re.green.

O Santander já havia estreado nesse universo de carbono. Em março deste ano, o banco anunciou a compra de 80% da WayCarbon, consultoria com 15 anos no assessoramento de empresas e setor público para transição energética. Também neste ano, foi lançada a Future Carbon, uma empresa com sete unidades de negócio que vão desde a estruturação de projetos até a comercialização dos créditos. Em julho do ano passado, o grupo Ambipar entrou nesse setor comprando a Biofilica, que foi fundada há 14 anos. E em julho deste ano, a Shell virou sócia minoritária da Carbonext ao aportar R$ 200 milhões na segunda rodada de captação de recursos da empresa, fundada há 12 anos e especializada no desenvolvimento de projetos REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). Todas essas empresas compartilham duas semelhanças. Uma delas é o fato de atuarem no mercado voluntário de crédito de carbono. A outra é terem, como grandes clientes, empresas estrangeiras. Na jovem re.green, cerca de 90% do volume em negociação é com clientes estrangeiros.

Na Biofilica Ambipar, cerca de 80% da receita vem de contratos fechados com companhias no exterior. Apesar de ser consolidado em outros lugares como na União Europeia, o mercado regulado de crédito de carbono ainda não existe nem no papel no Brasil. Esse mercado anda a passos muito lentos no País. Algo que também patina no Brasil é a demanda, segundo a Convergência pelo Brasil, iniciativa que reúne 16 ex-ministros da Fazenda e presidentes do Banco Central (BC). Isso aconteceu muito por conta da falta de regulação e de obrigações legais por parte do setor privado, ainda que o governo brasileiro tenha assumido no Acordo de Paris em 2015 as chamadas NDCs (meta voluntária do País de contribuir para o controle do aquecimento global). O Brasil precisa desenvolver o lado da demanda por crédito de carbono, que não pode ser impedido de crescer por questões regulatórias. Do lado da oferta, o Brasil está construindo uma estrutura que congrega integridade dos créditos, qualidade dos projetos e transparência. Um dos grandes motivos para a oferta ter crescido tanto no Brasil é a competitividade do NBS em termos de custo, além, claro, da dimensão e diversidade dos biomas nacionais.

A Biofílica Ambipar pontua que as soluções baseadas em tecnologia (Carbon Capture and Storage ou CCS) são mais caras que as NBSs. Segundo publicações internacionais na internet, a tonelada gerada por CCS pode custar de dezenas a centenas de dólares. A tonelada gerada por NBS custa em média poucas dezenas de dólares. A captura via CCS pode chegar a custar US$ 300,00 por tonelada de carbono. No 'restauro', custa em média US$ 30,00 por tonelada de carbono. Os créditos de soluções baseadas na natureza, por conta da sua adicionalidade e benefícios socioambientais possuem um prêmio sobre os créditos de energia renovável, por exemplo. Segundo a Carbonext, para ter um comparativo, créditos de energia renovável são negociados atualmente entre US$ 3,00 e US$ 8,00. De preservação, de US$ 12,00 a US$ 15,00. E de reflorestamento (ou restauração), de US$ 20,00 a US$ 30,00 tendo alterações significativas de projeto para projeto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.