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21/Nov/2022

Brasil: governo deve priorizar redução do desmate

Segundo o Insper Agro Global, caso o Brasil consiga reduzir o desmatamento no próximo ano, como prometeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), terá mais força para promover avanços na redução de emissões vindos de outras duas frentes, as energias limpas e a agropecuária. Na COP-28, o Brasil deveria atacar em três frentes: desmatamento, energia e agropecuária. Mas, a redução do desmatamento é condição básica para que qualquer coisa prosperar. Se o Brasil trouxer resultados de diminuição do desmatamento, terá uma ação para comunicar. Ao mesmo tempo, tem um ano para que outros pontos da agenda ganhem força. A COP-28 será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023.

Na COP-27, o governo brasileiro escolheu as energias renováveis como tema para seu estande. Mas. o Brasil contou com outros dois espaços, muito próximos entre si: um do Consórcio Interestadual Amazônia Legal, que abrigou os governadores da região, focados em tratar de iniciativas na floresta amazônica, e o do Brazil Climate Action Hub, que concentrou representantes da sociedade civil e políticos aliados a Lula. O desmatamento no Brasil de fato aumentou nos últimos anos. Entre 2004 e 2014, caiu 80%, saindo de uma faixa de 1,5 a 3 milhões de hectares por ano para 500 mil hectares por ano. Desde então, voltou a subir e hoje está em torno de 1,5 milhão de hectares desmatados por ano, dos quais 94% de forma ilegal. Esta curva tem de baixar. Entrando o novo governo, essa será uma prioridade.

Em torno de 40% das áreas desmatadas estão no Pará, que possui algo como 60 milhões de hectares de terras devolutas (sem destinação pelo Estado), o que abre espaço para invasões e cortes de madeira. A grande causa do desmatamento no Brasil não é criação de boi ou da mineração, mas os grandes e pequenos grupos que invadem estas áreas. A aplicação do Código Florestal também se faz necessária, ainda que permita o desmate, no bioma amazônico, de 20% da área de uma propriedade. O Código Florestal deve ser respeitado, mas o produtor de Mato Grosso, por exemplo, que tenha direito a desmatar 20% de sua área, deveria ser estimulado a não fazê-lo, um exemplo é o REDD, mecanismo de compensação financeira para países em desenvolvimento ou comunidades desses países, pela preservação de suas florestas.

Há caminhos que não são desrespeitar o Código Florestal. Saindo da posição de vilão do desmatamento, o Brasil poderá promover ações nas frentes da energia e da agricultura, nas quais tem bons projetos para mostrar. Na energia, além de uma matriz 50% limpa, com energia elétrica gerada por hidrelétricas, usinas eólicas e solares, também tem combustíveis feitos com biomassa, como o etanol de cana-de-açúcar e de milho, biodiesel com óleo de soja, biogás e biometano. Nem todas estas soluções servem para outros países, mas há uma em desenvolvimento com potencial: a conversão do etanol em hidrogênio para ser utilizado em células de combustível, espécie de bateria para carros, movida a hidrogênio e não a eletricidade. O etanol não é a solução para todo mundo, mas a célula de hidrogênio será. Ainda depende de amadurecer a tecnologia, mas pode ser uma solução global.

Outro campo no qual a atuação do Brasil deve ser reconhecida é justamente a agropecuária. Práticas mais eficientes de produção, progressivamente adotadas no País, ajudam a capturar emissões de gases de efeito estufa e podem ser replicadas em outros países de clima tropical. Na pecuária, a conversão de pastos degradados, com rebanhos com média alta de idade de abate, em pastagens com menor idade média de abate do gado, além de melhoramento genético e nutrição especial, é um exemplo. Na agricultura, o sistema Integração Lavoura Pecuária (ILP), já adotado em 20 milhões de hectares, deverá chegar a 50 milhões em 2050, segundo estimativa da Embrapa.

Quando a agropecuária é ajudada a reduzir suas emissões de carbono, ajuda também a cadeia produtiva (tradings, varejistas) a reduzir suas emissões. Isso diminuiu a pressão sobre o desmatamento. Esse tema nunca foi trabalhado em uma COP porque a agenda sempre foi pautada por países ricos. Seria importante que o Brasil recebesse esse reconhecimento. Deveria ser parte central da solução da questão climática, tem de ser colocado no centro da discussão. Uma possibilidade seria o País buscar alianças com países que tenham de lidar com a insegurança alimentar e climática. A ideia de o Brasil ser sede da COP-30, em 2025 é muito boa. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva levou a proposta ao secretário geral da ONU, António Guterres, em encontro realizado no Egito. Isso pode ser um estímulo para o Brasil avançar nas três áreas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.