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15/Nov/2022

Economia brasileira dando sinais de desaceleração

A desaceleração da economia no Brasil, que era esperada pelos economistas para o fim deste ano, já começou a se concretizar há algum tempo. Dados do Itaú Unibanco mostram que, desde que atingiu seu pico, em maio, a atividade recuou 7,35%. A perda de fôlego deu seus primeiros sinais no setor de bens, cuja atividade caiu 8% no período, e posteriormente no de serviços, que retrocedeu 7,3% até agora. O indicador do Itaú é feito com base nos gastos de seus clientes com cartões de crédito e de débito. Ele consegue capturar o nível de atividade diária no País. O desaquecimento no segmento de bens, que depende de acesso a crédito, ficou ainda mais evidente no fim do segundo trimestre, enquanto no de serviços, no fim do terceiro trimestre.

Dados de outras fontes, como do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também começaram, mas mais recentemente, a mostrar essa desaceleração. Na indústria, por exemplo, os indicadores de produção apurados pelo IBGE em agosto e setembro exibem queda de 0,7% em cada mês. A venda de veículos zero-quilômetro recuou 6,7% em outubro, na comparação com setembro. Diante desse cenário, a projeção dos analistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre desacelere 1,2% em relação ao do segundo trimestre (o dado será divulgado em 1º de dezembro). Para os últimos três meses, há risco de resultado negativo na atividade. Segundo a consultoria Tendências, há evidências de que há uma desaceleração em curso, o que vai ficar claro no PIB do terceiro trimestre, que vai crescer menos do que a média do primeiro semestre.

A Tendências projeta uma alta de 0,6% no PIB do terceiro trimestre e uma queda de 0,4% nos últimos três meses do ano. Segundo analistas, dois fatores explicam em grande parte a desaceleração da economia brasileira nos últimos meses. O primeiro é o patamar elevado da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano. Juros altos inibem o consumo das famílias e os investimentos das empresas ao tornar o crédito mais caro. O segundo tem a ver com o freio da economia global. A atividade nos Estados Unidos e na Europa também dá sinais de desaceleração, dado que ambos, como o Brasil, enfrentam um quadro de aperto monetário. Na Europa, a situação é agravada pela falta de gás para gerar energia, uma consequência da guerra na Ucrânia.

A China também vem crescendo menos devido à política de Covid zero e à crise no setor imobiliário. Indicadores antecedentes, aqueles que dão uma pista de como a economia deve se comportar no futuro, também revelam um cenário de deterioração para os próximos meses no País. A confiança dos empresários dos setores de serviços, comércio, indústria e construção retrocedeu 3,3 pontos em outubro, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Por segmento, o recuo foi maior no comércio e na indústria (em ambos, recuou 3,8%). Segundo o banco Fator, há claramente uma queda na indústria. O comércio, na melhor das hipóteses, está andando de lado, e o setor de serviços está desacelerando, em particular em alojamento e alimentação para as famílias.

Para o C6 Bank, a desaceleração está dentro do padrão esperado. O banco projeta que o PIB do terceiro trimestre ficará entre 0% e 0,5%, e que há risco de um número levemente negativo no quarto trimestre. Apesar da queda no fim do ano, o PIB deve ficar em 2,3% em 2022, de acordo com as estimativas do C6. Se não houver nenhuma surpresa no início de 2023, a economia pode voltar a ganhar tração na segunda metade do ano. Isso porque o Banco Central poderia começar a reduzir a taxa de juros no segundo trimestre. No mercado, portanto, o juro pode estar em um patamar mais baixo do que o atual um pouco antes. No exterior, a tendência é de que os Estados Unidos também já tenham atingido o auge de seu aperto monetário até lá e que, no verão europeu, a falta de gás não seja um problema tão sério como será agora no inverno.

O segundo semestre de 2023 ainda está longe, muito choque pode acontecer até lá. Mas, parece razoável supor que a recuperação esteja começando no terceiro trimestre do ano que vem. O Itaú Unibanco, no entanto, destaca que, com o Banco Central começando a cortar juros no segundo semestre de 2023, deve levar um tempo para a atividade ganhar ritmo. Isso porque o resultado da política monetária é sempre verificado com uma certa defasagem em relação a seu anúncio. A expectativa para 2023 é de um PIB fraco. Não se fala em recessão, mas a economia estará quase parada. O Itaú projeta uma alta de 2,5% para o PIB neste ano, com variação de 0,3% no terceiro trimestre e de estabilidade no quarto, e de 0,5% em 2023. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.