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11/Nov/2022

Dólar tem forte alta diante de incertezas com Lula

O dólar disparou no mercado doméstico de câmbio na sessão desta quinta-feira (10/11) e fechou no maior nível desde julho após fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva crítica ao teto de gastos e dúvidas sobre a confecção da PEC de Transição deflagrem temores de mudança do arcabouço fiscal. Com oscilação de quase R$ 0,17 entre a mínima (R$ 5,24) e a máxima (R$ 5,41), a moeda norte-americana encerrou a sessão em alta de 4,14%, cotada a R$ 5,39, o maior valor de fechamento desde 22 de julho de 2022 (R$ 5,49) e maior alta percentual desde 16 de março de 2020, dia em que foi decretada situação de emergência na cidade de São Paulo em razão da pandemia de Covid-19. O Real não apenas amargou, de longe, o pior desempenho entre as divisas globais como foi a única moeda relevante, ao lado do peso argentino, a perder valor frente ao dólar.

O índice DXY (que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a seis divisa fortes) caiu mais de 2%, aproximando-se do limiar dos 108,000 pontos. Analistas e operadores ressaltaram que, não fosse o ambiente de forte apetite ao risco no exterior, o dólar poderia ter ido muito mais longe no mercado doméstico, superando o nível de R$ 5,50. Há receio de que o dólar atinja R$ 6,00. A degringolada do Real começou pela manhã, com o dólar superando R$ 5,34, em alta superior a 3%, na primeira meia hora de negócios. Parte do mau humor vinha do exterior com a expectativa pela divulgação índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em outubro. Parte se devia à indefinição sobre a configuração da chamada PEC da Transição. Havia rumores de que a equipe de transição de governo trabalhava com a possibilidade de excluir despesas do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) definitivamente da regra do teto.

A alta de 0,59% do IPCA de outubro, acima do teto de projeções (+0,54%), contribuía para a postura defensiva dos agentes. Um dos pilares de sustentação da alta da moeda norte-americana ruiu quando o CPI de outubro, em especial o núcleo, veio abaixo das expectativas. O dólar passou a cair em bloco no exterior e as taxas dos Treasuries mergulharam, aliviando as pressões sobre a taxa de câmbio doméstica, que chegou a se situar abaixo de R$ 5,30. Investidores assimilavam a perspectiva de uma ação menos agressiva do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), com redução do ritmo de alta da taxa básica nos Estados Unidos em dezembro e juro terminal não tão elevado. O cenário começou a piorar à medida que o mercado absorvia fala do presidente eleito. Quem esperava uma guinada de Lula ao centro se decepcionou com o tom similar ao da campanha eleitoral.

Eis uma lista das perguntas do petista: "Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal desse País? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gastos? Por que as mesmas pessoas que discutem teto de gastos com seriedade não discutem a questão social neste País?". Lula afirmou que gasto social tem de ser visto como investimento. Ele indagou também por que o País tem metas de inflação e não de crescimento. O presidente até temperou sua fala com a lembrança de seu primeiro mandato e o alerta de que é preciso garantir uma política fiscal séria para pagar juros da dívida. Mas, nada foi capaz de anular a percepção de que o novo governo está disposto a mudar as regras do jogo fiscal. Segundo o Travelex Bank, há um frenesi de gastos, mas não se fala de onde vai vir o dinheiro ou de cortes. Levando em conta a baixa do índice DXY, a depreciação do Real foi muito aguda.

Ninguém sabe quanto vai ser o 'waiver' fiscal, o que vai ficar fora e dentro do teto. E se o que ficar fora vai ser apenas por um período ou para sempre. As palavras do presidente levaram a uma degringolada adicional dos ativos domésticos. O dólar superou de novo os R$ 5,35 no início da tarde, nível em ao redor do qual orbitou até que o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin anunciou novos integrantes da equipe de transição, com o ex-ministro Guido Mantega no time de Orçamento e Planejamento. Foi a senha para uma corrida compradora ainda mais intensa no mercado de câmbio, que levou o dólar a superar sucessivas máximas e correr até o nível de R$ 5,41 (+4,14%). Já se sabia que o Mantega participaria do time, mas seu lugar ainda era uma incógnita. Lula planeja recriar o ministério do Planejamento e o nome de Mantega na equipe de transição é visto como prenúncio de um perfil desenvolvimentista à frente da Pasta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.