ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Nov/2022

Brasil deverá manter uma boa relação com a China

Segundo o Insper Agro Global, o agronegócio brasileiro deve exportar cerca de US$ 150 bilhões em 2022, a maior parte para a China. Por isso, a boa relação com o país asiático será fundamental. Os desafios dos últimos anos favoreceram o agronegócio brasileiro. Os últimos 30 meses foram totalmente desafiadores para todo o mundo, com pandemia, guerra e mudanças climáticas globais. Isso acabou sendo até positivo para o Brasil. Foram US$ 100 bilhões de dólares exportados. A oferta tem a ver com a demanda chinesa. O presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva (PT), deve manter boas relações com os chineses. Mas, não se trata só de discurso, é preciso construir transparência e visão de longo prazo, principalmente em investimentos como em logística de ferrovias.

O novo governo deve saber lidar com novos desafios geopolíticos. A China tem uma série de questões com vizinhos asiáticos como Japão, Coreia e Taiwan no Mar do Sul, além da Índia. Todo o entorno da China tem pontos de atrito e conflito. E o mundo vai ficar mais polarizado. Além disso, há o recrudescimento da economia chinesa. Um crescimento de 2,5% é quase uma recessão para a China. É preciso ter boa relação com todos e com a China particularmente no agro. A relação entre Brasil e China foi aprimorada desde a década de 1990 e vem sendo mantida nos últimos anos, apesar do surgimento de falas pontuais indevidas por parte do Brasil.

A relação Brasil-China vem sendo mantida, mas é preciso estabelecer uma relação de longo prazo Brasil-China. Não pode ser relação oportunista. É preciso ter um relacionamento permanente entre os governos com uma visão de longo prazo. Se o conjunto das relações melhora, se ganha previsibilidade e transparência, os investimentos chineses no Brasil crescem, o comércio cresce e a cooperação regulatória cresce. Dentre as necessidades de relacionamento sino-americano de longo prazo, o Brasil precisa que uma estrutura voltada para China seja mantida dentro do Ministério da Agricultura para uma relação mais forte. Uma das grandes iniciativas que aconteceu no atual governo foi a criação da divisão de China no Ministério da Agricultura.

Mas, tem muita coisa ainda a ser feita na parte regulatória. Tanto os investimentos externos chineses quanto as importações chinesas de alimentos consideram a estratégia do país de priorizar segurança alimentar e buscar autossuficiência. A compra da Syngenta, da Cofco e da Fiagril por empresas chinesas vem na direção da estratégia de buscar autossuficiência. A China tentou entrar em terras no Brasil e não deu certo, mas entrou em originação. Segurança alimentar é estratégica para a China e está presente em todos os planos quinquenais. Mesmo com a priorização da segurança alimentar pelo governo chinês, o país não irá se "entregar" aos Estados Unidos e ao Brasil. A China vai importar o que precisa e tentar autossuficiência em determinados produtos.

O Brasil é o país que melhor pode responder a isso e é o maior fornecedor da China, com 40% das exportações destinadas para compradores chineses. A China vai continuar precisando de proteínas e de milho para ração animal. A China é seletiva em proteína: ela quer carne bovina, que precisa importar de 30% a 40% e deve comprar do Brasil, mas em suínos e frangos, ela quer ser autossuficiente e, para isso, vai comprar mais soja e milho. A 2ª safra de milho de 2023 do Brasil já será destinada à China, após os dois países assinarem protocolo de liberação em junho deste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.