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10/Nov/2022

China investindo no Brasil por segurança alimentar

A necessidade de segurança alimentar da China foi o maior motivo que levou a chinesa Dakang a entrar no Brasil. No País, a companhia controla as empresas Fiagril, Belagrícola e Fex Agro. A segurança alimentar é a maior estratégia para entrar no Brasil. A China não tem recursos naturais para autossuficiência alimentar. As mudanças regulatórias frequentes, o regime tributário complexo e as ações judiciais longas desafiam investidor estrangeiro a entrar no Brasil. O volume de mudanças regulatórias a cada ano é expressivo. Os processos de cartórios e ações judiciais longas também dificultam. Há complexidade para investidor estrangeiro confirmar as informações de empresas.

Às vezes não há sistema para controlar faturamento e não há auditoria externa. É muito difícil para investidores estrangeiros profissionais. A volatilidade cambial significativa do País também é complexa para investidor estrangeiro. O dólar afeta muito o valor de investimento. Não é fácil procurar soluções para hedge com oscilação cambial expressiva, além das variações expressivas na taxa básica de juros do País, a Selic. O Brasil é o principal fornecedor de alimentos da China, respondendo por 91% das importações chinesas em dez produtos. O crescimento e o aumento de classe da China vão continuar. É oportunidade para Brasil que precisa aumentar diversificação de pauta agrícola para China com produtos de maior valor agregado.

Independentemente de governo, a chinesa Dakang vê que o agronegócio brasileiro e a economia do País estão andando. Apesar do governo, o agro brasileiro não para. Nos últimos anos, percebe-se uma retórica contra a China entre o relacionamento sino-brasileiro. O Brasil recusou alguns convites da China nos últimos anos. Deve haver eventuais mudanças na relação Brasil-China com governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Vallya Agro vê o momento político atual no Brasil, com mudança de governo, como muito importante. É um momento estratégico para o Brasil reforçar relações com os chineses. Entretanto, embora essas relações tenham de ser reforçadas, o agronegócio brasileiro não pode se fixar em um único lado, ou seja, a China.

O agro brasileiro é muito grande e precisa ter relação com o maior número de países, além de incluir na pauta o maior número possível de produtos. Nos últimos anos, o Brasil abriu vários mercados para exportar alimentos. Na China, a classe média varia entre 300 milhões de 800 milhões de pessoas. Mesmo sem abandonar a busca por outros mercados, o agronegócio brasileiro deve ter visão estratégica, para saber como se pode ir além da relação que existe hoje. Atualmente, o Brasil exporta basicamente matérias-primas para a China, como soja (o mercado de farelo de soja foi aberto recentemente) e carnes suína, bovina e de frango. É possível agregar valor.

Além da exportação para o gigante asiático, deve-se pensar também em investimentos chineses no Brasil, em formato de parceria. No setor de energia, por exemplo, há um crescimento muito benéfico na relação com a China. Agora, é preciso ver em qual novo cenário o Brasil pode reforçar essa relação, tentando mitigar atrasos, por exemplo, em relação a armazenagem e logística. Além disso, há possibilidade de um crescimento benéfico para o Brasil no setor de energia na relação com o parceiro asiático. Além disso, é preciso pensar em novos produtos e de maior valor agregado inclusive nas próprias commodities. Para a Dakang Brazil, o investimento de empresas privadas chinesas no Brasil é baixo pela volatilidade e desafios do País.

Não é fácil investir no Brasil e poucas empresas privadas têm recursos para investir e entender o Brasil, por causa da estrutura do País. Há muitos fatores difíceis para investimentos estrangeiros entrarem. Um estudo que mostra que a América Latina recebeu somente US$ 50 milhões de investimentos da China em 2021, de um total de US$ 3 bilhões aportados por empresas chinesas no ano passado. Não é só o Brasil que não é um lugar fácil para investir na região. Ainda há muito a ser feito para abrir a economia brasileira para investimentos estrangeiros. É um País fechado. Não há muita presença de multinacionais em relação ao que há outros mercados com economias mais livres. Houve progresso nos últimos anos como a nova lei do agro que fez muitas regras para proteger investidores estrangeiros.

Para a Vallya Agro, o Brasil deve deixar claro, nas negociações de alto nível, que está aberto a receber investimentos chineses. Para isso, porém, a China, assim como vários países asiáticos, prefere negociações de alto nível, governo a governo. É uma particularidade dos asiáticos, afinal isso não é buscar privilégio, mas eles querem se sentir seguros onde estão investindo. Diante disso, o Brasil deve firmar uma agenda de visitas presenciais com a China, tão logo o gigante asiático reabra suas fronteiras após a crise de Covid-19, o que deve acontecer nos próximos meses. Como exemplo dessa necessidade, pode-se citar as rodadas das reuniões da Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). No fim das contas, os projetos acontecem em parceria com empresas privadas, mas é preciso indicar que o governo brasileiro vê com bons olhos essas parcerias.

Além da indicação de que os investimentos são bem-vindos, o Brasil precisa trabalhar com os governos estaduais para resolver problemas crônicos, como o da armazenagem. O País precisa indicar as saídas possíveis e dar essas informações macro para que os chineses possam se debruçar sobre isso. Isso faz sentido para eles e para qualquer investidor internacional. Outro ponto que merece atenção na relação entre os países é a volta das viagens à China. Esse é um momento em que cada setor mobiliza suas empresas e se pergunta o que mais pode ser feito. Ainda há necessidade de quarentena ao chegar ao país, mas isso deve ser gradualmente reduzido. As agendas de visita mútuas devem ser prioridade presencial entre os governos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.