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07/Nov/2022

COP-27: energias renováveis e novas tecnologias

A crise energética global afetará as discussões previstas para a COP-27. A expectativa é de que se aprofundem os debates sobre a expansão das energias renováveis e a adoção de novos energéticos como o hidrogênio verde (H2), mas dificilmente será possível alcançar alguma novidade significativa relacionada a corte de emissões, especialmente no campo energético. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), provavelmente, os países vão, de novo, fazer um texto com metas de redução de emissões de gases do efeito estufa, mas eles não vão se comprometer a cortar mais. A crise energética, provocada pela Guerra na Ucrânia, tem como pano de fundo um cenário de grande incerteza com relação ao suprimento de gás natural aos países europeus, o que tem feito as principais economias da União Europeia (UE) buscarem alternativas. No curto prazo, além de procurar estabelecer diferentes fornecedores de gás, muitas dessas nações têm avaliado a reativação ou a mudança no cronograma de desligamento de usinas a carvão, fonte considerada poluente.

Também se considera incremento da geração nuclear, que embora não tenha emissões de gases do efeito estufa, é questionada devido a outros impactos ambientais decorrentes da atividade. Para o longo prazo, a perspectiva é de aceleração da expansão das energias renováveis, especialmente eólica e solar. Além do desenvolvimento de uma cadeia de hidrogênio verde, que poderá ser utilizado também em automóveis, substituindo combustíveis fósseis como a gasolina. Deve fazer parte do debate também a tecnologia para o armazenamento de energia em baterias, considerado importante para solucionar a questão da intermitência das fontes renováveis. Neste sentido, a crise tem sido vista no setor energético como fator propulsor da transição energética. Para a CPFL Energia, embora a Europa esteja passando por um momento delicado em relação ao abastecimento de eletricidade, especialmente no inverno, os planos de descarbonização devem ser mantidos.

A estratégia não mudou, mesmo que tenha que recuar um pouco. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a crise atual provoca mudanças profundas e duradouras, com o potencial de acelerar a transição para um sistema de energia mais seguro e sustentável. Mesmo com as configurações de políticas atuais, o mundo da energia está mudando drasticamente. As respostas governamentais em todo o mundo prometem tornar este um ponto de inflexão histórico e definitivo em direção a um sistema de energia mais limpo, mais acessível e mais seguro. Diante desse cenário, o Brasil obtém uma posição de destaque, tendo em vista a variedade de recursos energéticos renováveis que possui e sua posição confortável no uso predominante de geração hidrelétrica, eólica, solar, biomassa, além do etanol. O País tem 83% da matriz elétrica e 46% da matriz energética provenientes de fontes renováveis. O Brasil não pode perder a oportunidade de se colocar para o mundo como um importante contribuidor da redução das emissões e fornecedor de hidrogênio verde e de commodities verdes.

O País já poderia ter feito isso em edições anteriores e a expectativa é que isso possa ser feito agora. A CPFL Energia aponta que nessa edição da COP as discussões sobre hidrogênio verde e captura de carbono serão centrais. Especialmente no que diz respeito à maneira como as empresas estão se preparando em termos de estratégias para redução de emissão e como monetizar esse mercado. É um ambiente de intensa troca entre as empresas que participam. Na última participação que terá na Conferência sobre o Clima, o governo Jair Bolsonaro pretende imprimir a marca de que sua administração se pautou por políticas pró-sustentabilidade. Para isso, a comitiva doméstica vai focar no setor energético e propagar que o Brasil é o “País das energias verdes”. Mais do que apenas enfatizar que 85% do abastecimento nacional se dá por meio de energias renováveis, quer atrair elos da cadeia de suprimentos global para se instalarem no País e contratarem até 100% de geração limpa.

Na outra ponta, pretende buscar fontes de financiamento de baixo custo para incrementar a produção local. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, não se cansa de enfatizar que o Brasil tem potencial gigantesco de produzir não apenas energia renovável, mas também barata. Frequentemente ele repete que o País é capaz de produzir energia eólica, solar e de biomassa, com potencial de 6 gigawatts. Hoje, a capacidade instalada do País é pouco superior a 180 gigawatts. Além disso, há a expectativa de que a produção eólica no mar, por meio de cataventos gigantes, seja de 700 gigawatts. Esses incrementos previstos pelo governo podem ser transformados em hidrogênio verde, para consumo interno, ou amônia verde, para exportação. Além de recursos para incrementar a oferta de energia limpa, o governo pretende buscar financiamento com juro mais baixo para renovar o parque doméstico. De olho na parceria do setor privado, o intuito seria o de acelerar a economia verde no País.

O tema já vinha ganhando força nos últimos anos, mas foi ainda mais impulsionado depois da pandemia de coronavírus. A aliança com o setor produtivo é que ajudará o Brasil a atingir o compromisso de se tornar um país neutro em emissões até 2050. Em sua última passagem pela COP, os emissários do governo Bolsonaro vão lembrar também que o Brasil foi protagonista na criação do mercado global de carbono, inaugurando o mercado doméstico. Além disso, estruturou o mercado de metano, um poluente sobre o qual o Brasil e outros cerca de 100 países foram signatários na convenção do ano passado, realizada em Glasgow (Escócia), se comprometendo a reduzir suas emissões. A intenção é usar esses créditos para proteger a floresta. O setor agropecuário também não ficará de fora. O Ministério da Agricultura levará ao Egito uma comitiva de dez pessoas, incluindo representantes da Embrapa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.