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02/Nov/2022

Meio Ambiente: Brasil pode retomar protagonismo

Na análise do especialista Eduardo Viola, da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil deve retomar o prestígio internacional nas questões climáticas e ambientais no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, os desafios são grandes, tanto internamente quanto externamente. Sobretudo porque, neste momento, a expectativa do mundo é muito alta. Muito mais do que em 2003, quando Lula da Silva assumiu pela primeira vez a presidência da República, o meio ambiente e as mudanças climáticas são atualmente um assunto central na política internacional.

Qual a expectativa internacional sobre a política ambiental e climática do governo de Luiz Inácio Lula da Silva?

Eduardo Viola: A política ambiental e climática vai mudar significativamente. Isso está claro em todos os discursos de Lula, no forte envolvimento de Marina Silva na campanha. A expectativa do mundo democrático é muito alta e está especialmente focada na mudança da política ambiental e climática, além da questão indígena. A recém-eleita deputada federal Marina Silva (Rede) afirmou que Lula pretende enviar uma comitiva à COP-27.

Já será um aceno internacional importante?

Eduardo Viola: Sim, claro. O governo brasileiro estará lá, dando a sua linha política. Mas, haverá com certeza representantes do novo governo. A expectativa internacional é muito alta. Mas acho que também será exigida a implementação muito rápida. O Brasil deve crescer muito como protagonista internacional, promovendo um aumento das ambições climáticas mundiais. Mas, obviamente, vai ter que começar em casa.

O que a comunidade internacional espera, objetivamente falando?

Eduardo Viola: A redução do desmatamento da Amazônia, com certeza. Controlar o desmatamento é complicado, mas acho que há uma disposição e uma vontade política muito fortes. Quando comparamos a atual situação à do primeiro governo de Lula, vemos um fator favorável e outro desfavorável. O favorável é que a mudança climática tem hoje muito mais importância do que tinha há 15 anos. O desfavorável é que atualmente as atividades ilegais na região estão todas associadas ao crime organizado; antes, eram mais pulverizadas, artesanais. Ou seja, vão oferecer uma resistência bem maior, e vão demandar mais esforços do governo; sobretudo considerando que têm muitos representantes nas assembleias legislativas dos Estados.

A Noruega já anunciou o desbloqueio do Fundo Amazônia. Isso deve ajudar o novo governo no caso do combate ao desmatamento, não?

Eduardo Viola: Sim. E a volta do fundo deve incentivar a abertura de várias outras possibilidades de apoio e de financiamento. Isso deve aumentar muito. Por outro lado, o novo governo será cobrado para dar uma resposta muito rápida. O Brasil vai precisar mostrar que é capaz de implementar ações ou toda essa expectativa favorável se erode também. Mas tenho quase certeza de que Lula tem consciência disso.

O que o governo poderia fazer rapidamente, como um aceno importante?

Eduardo Viola: Uma coisa que pode ser feita rapidamente, até mesmo agora, na COP-27, antes mesmo da posse, seria o anúncio das novas ambições climáticas do País (metas de corte de CO² e outros gases do efeito estufa). Foi o que o Biden fez, já no primeiro dia de seu governo, anunciando a volta ao Acordo de Paris. Lula poderia redefinir as metas climáticas, com ambições maiores.

Fonte: Broadcast Agro.